IBIÚNA – RELATÓRIO DO CONSELHO TUTELAR REGISTRA 35 ESTUPROS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM 2021

Concluído nesta sexta-feira (7), o relatório de atividades do Conselho Tutelar de Ibiúna relativo ao ano passado registra, entre outros problemas envolvendo crianças e adolescentes, 35 casos de violência sexual [estupros].

Casado, pai de dois filhos adolescentes, o conselheiro Eli Valentin Viana, empresário do setor de educação no município, declarou a vitrine online acreditar que “exista o dobro desses casos no município, que permanecem ocultos, em silêncio, sem denúncia, talvez por medo, coação e ameaça às vítimas”.

Notícia publicada pelo jornal Voz de Ibiúna [edição 407, de 16 de dezembro último], e assinada por Carlos Marques, reforça os motivos de preocupação de Viana. Os números foram coletados dos dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Eles dão conta de que “de 2017 a outubro de 2021 foram registrados na Delegacia de Polícia Civil de Ibiúna 155 casos de estupros de vulneráveis”.

O número dos casos em Ibiúna é maior do que os registrados em São Roque (138), Mairinque (90), Piedade (74) e Vargem Grande Paulista (43). Esta informação, por si só, é motivo para que as autoridades ibiunenses redobrem as ações para conter essas e outras violências contra crianças e adolescentes, a maioria das quais acontecem no ambiente familiar das vítimas.

AUMENTOU AINDA MAIS

Viana disse ter observado que a violência contra crianças e adolescentes no município de Ibiúna aumentou tanto em 2020 quanto em 2021 em decorrência da pandemia e da permanência das vítimas mais tempos em suas residências, já que as atividades escolares foram paralisadas.

“A escola, como um dos integrantes da rede de proteção a vulneráveis, funciona como anteparo nos casos de violência. Professores, diretores e outros profissionais da Educação, assim como colegas das vítimas, acabam percebendo algo estranho no comportamento ou mesmo marca de violência, como hematomas em alguma parte do corpo da criança, e adotam a iniciativa de levar o caso seja ao Conselho Tutelar, à polícia ou autoridades superiores da Educação”, argumenta Viana.

PREOCUPANTE

Viana assinalou ainda que “o crime de estupro de crianças e adolescentes é o que mais preocupa o Conselho Tutelar e também a rede de proteção em Ibiúna. Crime este que resulta em inúmeros efeitos nocivos para as vítimas, modificando para sempre sua personalidade, principalmente quando a vítima se encontra em estado de vulnerabilidade social, que o é o caso da maioria das vítimas em nossa cidade”.

O que acha necessário fazer para que esses casos possam ser evitados?

“Primeiro é quebrar o tabu do silêncio. Precisamos tocar no assunto em nível municipal com a ideia de discutir e projetar ações de prevenção, levantando engajamento junto à sociedade para proteger e prevenir os vulneráveis dessas ações de violência sexual. É importante também sinalizar o assunto junto aos conselhos municipais de direitos em parceria com as secretarias da Saúde, Educação, Cultura, Assistência Social e ONGs existentes em nossa cidade.”

NOVA POLÍTICAS PÚBLICAS

Além disso, o que mais poderia ser feito?

“Além dos projetos de prevenção, são necessárias novas políticas públicas de atendimento aos jovens ibiunenses, tais como desenvolvimento cultural, esportes, capacitação profissional e colocações no mercado de trabalho local.”

MENINAS E MENINOS

Em geral, essas violências contra vulneráveis acontecem no ambiente doméstico, né?

“Sim. Boa parte das violências são causadas por padrastos e vizinhos muito próximos da família e, em alguns casos, até pelos próprios pais, lembrando que a violência sexual ocorre contra meninas e também meninos, em alguns casos.”

GRITO DE ALERTA

Que grito de alerta devemos dar à sociedade ibiunense agora?

“Nunca confiar em deixar seus filhos na companhia de qualquer pessoa. Orientar as crianças sobre as partes do corpo e ensiná-las a falar tudo sobre o que acontece no seu dia enquanto os pais estiveram ausentes. Conversar com os filhos sobre as partes íntimas do corpo, explicar sobre os limites do corpo, e, sempre saber quais são os contatos pessoas diários dos filhos.”

DIREITOS DAS CRIANÇAS

Que alerta você dá para a sociedade ibiunense?

“Aproveito a oportunidade para esclarecer à sociedade que o Conselho Tutelar não é “bicho papão” das crianças. O Conselho Tutelar é um órgão de relevância e de referência, que está na ponta, recebendo informações de violações dos direitos das crianças e adolescentes. O Conselho Tutelar é amigo das crianças. É órgão que utiliza de suas prerrogativas para aplicar medidas de proteção.

O conselheiro não é aquele que vai tirar a criança de casa e jogá-la num abrigo. Nós somos amigos da criança. Muito pelo contrário, a gente trabalha para a criança voltar para a casa. A reintegração familiar é sempre a prioridade”. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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