COVID-19, DIAS CONGELANTES E A ECONOMIA BRASILEIRA

Com o aumento do número de casos de contaminações [de novo] por covid-19 de subvariantes da ômicron as autoridades sanitárias primeiro recomendaram que as pessoas voltassem a usar máscaras de proteção, sendo que algumas já tornaram por decreto seu uso obrigatório em lugares fechados.

Desta vez, aparentemente, muitas pessoas que estavam incólumes contraíram a doença e só não têm ficado em estado grave com internação hospitalar porque foram vacinadas.

Uma pesquisa detectou que um número considerável de pessoas acreditam que a pandemia foi superada, o que não corresponde com os dados da ciência e, por isso, deixaram de lado as medidas sanitárias recomendadas à exaustão durante o pico da pandemia: lavar bem as mãos, usar máscaras de proteção e álcool em gel, manter distância de segurança.

Sim, a pandemia está aí, perto de todos nós. Não acabou e exige cautela e cuidados para não contaminar e não ser contaminado.

A Climatempo nos avisa que já neste mês de junho teremos no Brasil os dias mais frios do ano, com possiblidade de neve nos estados do sul, temperaturas abaixo de zero, geadas, também no Estado de São Paulo.,

Como se sabe, tempo frio favorece a disseminação de doenças, não só da covid-19, mas também da gripe, por causa do resfriamento do corpo, sobretudo em pessoas idosas, subnutridas, desagasalhadas, daí porque os governos devem intensificar a campanha de acolhimento a pessoas em situação de rua e reforçar seus estoques de cobertores.

Por último, mas não menos importante, a economia do Brasil está em frangalhos, com inflação, aumentos continuados dos preços dos produtos e devastadora perda do poder aquisitivo principalmente das camadas mais pobres.

Comprar um botijão de gás, abastecer os veículos com combustíveis, adquirir alimentos são práticas marcadas pelo sentimento de impotência diante de um monstro invisível que age continuamente como um dragão querendo comer os incautos viajantes.

Não há vilões isolados, tirante o preço do óleo diesel e da gasolina que impulsionam dolorosamente o processo inflacionário. Não é o tomate, o chuchu, a alface, o feijão… O aumento dos preços se generalizou. Ninguém escapa das impiedosas etiquetas nas gôndolas dos supermercados e dos painéis das bombas de combustíveis.

Pois bem, ontem à noite (6), um presidente da República notoriamente tenso, numa improvisada entrevista coletiva, no Palácio do Planalto, em Brasília, em que não houve perguntas e tampouco respostas aos jornalistas, com a participação dos presidentes do Senado e da Câmara Federal, anunciou a intenção de ressarcir os estados que venham a reduzir os tributos dos combustíveis.

Coube ao ministro da Fazenda “traduzir” os fundamentos técnicos da medida, que depende da aquiescência dos governadores estaduais, pois o ICMS é um imposto estadual. Ele disse que há uma ‘sobra’ de recursos que serão incorporados ao orçamento federal que permitirão indenizar os estados pela isenção de parte do ICMS. Poucos analistas acreditaram nesse argumento.

Além de ser uma medida de risco, sem uma previsão consistente do montante a ser resarcido em um período de tempo, ela exige uma mudança na Constituição Federal por meio de uma emenda, que deverá ser votada no Senado Federal.

Encerrada quase que abruptamente, tendo se iniciado de modo atabalhoado, refletindo a tensão nervosa dos participantes, o anúncio se faz a quatro meses da eleição presidencial, objetivo supremo de Bolsonaro.

Caro leitor(a), caso você se sinta impotente diante da pandemia que persiste, da friagem que vem aí e com a cruel situação econômico-social que o país vive, pelo menos procure se agasalhar. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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