CONFISSÕES DE UM FÃ DA PIZZARIA PIRANDELLO

Quando a Pizza Bar Pirandello deixou de funcionar há alguns meses, a avenida Maria Farina Milani, na região central de Ibiúna, perdeu seu mais charmoso endereço gastronômico. Na verdade, a cidade perdeu: pizzas maravilhosas elaboradas com ingredientes de primeira qualidade, muitos anos com a assinatura do pizzaiolo Juninho e equipe em torno do forno a lenha.

Léo Piletti, seu proprietário, um cara tão simpático quanto carinhoso e acolhedor no atendimento, jamais abriu mão da qualidade e sempre fez questão de oferecer produtos deliciosos, muitos dos quais, pela apresentação visual, eu chamava de “obras de arte”, com ingredientes que derretiam na boca, ainda levemente fumegantes, quando consumidos no salão, que a pandemia fechou.

Epa! Dei um salto! Preciso mencionar os funcionários da cozinha e do serviço de mesa, super atenciosos.

Em geral nas noites dos sábados, ligava de casa, fazia a encomenda, calculava o tempo, chegava, e lá estava a redonda, ora meio muçarela meio calabresa, ou margherita, ou frango com catupiri, ou vegetariana ou, mais raramente, tio rafa, ou aliche, ou…eram tantos os sabores, todos imperdíveis.

Léo comandou a pizzaria por dezoito anos. Perguntei como surgiu o nome Pirandello, ele respondeu: “Surgiu do nada, de um comentário da sogra de um grande amigo, depois de um bom vinho. Fui tão feliz num espaço chamado Espaço Pirandello em São Paulo! Logo, pensei que ficaria feliz se um dia alguém tivesse a mesma recordação da pizzaria. Meu pai [Claudino Piletti, doutor em Educação e autor de vários livros] achou o nome apropriado, afinal tratava-se do nome de um autor italiano que celebrava a alegria em seus contos. O nome, enfim, acabou nascendo por si só. Chegou a sua maioridade e eu não tinha mais como cuidar.”

Um pouco de pizza cultural. Luigi Pirandello foi um dramaturgo, romancista, poeta e contista italiano. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1934. Suas peças foram muitas vezes encenadas no Brasil. Uma delas, que o autor destas linhas aprecia, chama-se “Assim é (Se lhe parece), uma investigação sobre a natureza da verdade. Claro, não é preciso saber isso para degustar uma boa pizza, não é mesmo?

Agora, no momento em que concluo esse texto, o Léo faz uma revelação surpreendente. A Pirandello vai voltar no mesmo endereço. Mas, desta vez, sob o comando do seu irmão, Rafael Piletti. Que boa notícia! (Carlos Rossini é editor de vitrine online).

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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