IBIÚNA – EXECUTIVO E LEGISLATIVO PECAM POR FALTA DE TRANSPARÊNCIA

A falta de transparência deliberada é uma característica notória tanto do Poder Executivo quanto do Legislativo em Ibiúna.

Isso pode ser interpretado num duplo sentido: trata-se de uma medida de autoproteção e também para evitar o surgimento de fatos desconfortáveis ou constrangedores.

Dito de forma mais simples e clara: as autoridades evitam ao extremo dar entrevistas ou prestar informações aos veículos de comunicação que se comportam de modo independente.

Excetuam-se os assuntos que sejam de seu interesse momentâneo e de caráter universal, como campanhas de vacinação, exames de mamografia ou moções de aplausos. Ninguém com o mínimo de bom senso iria questioná-los.

A redoma em que se fecham as autoridades desses dois poderes públicos se tornou tão evidente que temas com potencial crítico são simplesmente banidos de qualquer hipótese de se transformar em matéria jornalística.

A desinformação é utilizada como estratégia de governo sob  enganoso propósito de se manter uma larga zona de conforto e segurança, com o uso político, por exemplo, das deficiências dos adversários políticos.

A atual gestão, mesmo antes de empossada, criticou o fato de não ter havido transição de governo. Em compensação usou esse mesmo argumento para justificar suas próprias falhas, dizendo-se prejudicado pela falta de informações da administração que deixou o poder.

Na Câmara é de lei tentar o máximo brilho na tribuna, mas quando o assunto é polêmico ou controverso, e me refiro mais uma vez à transparência, então as palavras se tornam escassas ou mesmo inexistentes. Alegam razões éticas, desconhecimento oficial de um assunto ou qualquer outro tipo de restrição, como falta de tempo.

Embora cada parlamentar haja como ente singular, há notavelmente sinais de corporativismo até mesmo pela convivência habitual em reuniões fechadas fora do plenário, quando se combinam deliberações.

Esse contexto é prejudicial para a sociedade ibiunense que fica sem referência e conhecimento dos fatos. É muito pequeno o número de cidadãos que frequentam as sessões das terças-feiras, assim como daqueles que acompanham esses encontros pela internet.

Esses argumentos se apresentam aqui com o singelo objetivo de esclarecer a opinião pública que o trabalho jornalístico é semelhante ao que desempenha a filosofia. Pela própria natureza, ela incomoda porque questiona e não se acomoda na passividade.

O bom jornalismo, assim como a filosofia, questiona as práticas políticas, científicas, técnicas, éticas, econômicas, culturais e artísticas. É para isso que foram criadas pela inteligência humana e, pelas mesmas razões, podem se tornar “chatas” e “antipáticas” para todos aqueles que procuram tirar vantagens pessoais de seus cargos públicos e não desejam ser incomodados. (C.R.)   

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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