IBIÚNA – ESTIGMA DA POLÍTICA, UM DESAFIO PARA O PREFEITO

A simpática senhora, minha conhecida, está na fila do caixa do supermercado. Faz tempo que não nos vemos. Trocamos cumprimentos. Ela é conhecida. Outras mulheres se aproximam para cumprimentá-la. Quando se vão, ela me pergunta:

“E aí, o que você está achando?” [do novo governo municipal]

Essa tem sido a pergunta mais frequente que tenho ouvido, nesse início de julho em que o chefe do Poder Executivo completará sete meses no cargo.

O motivo principal dessa indagação aparentemente está relacionado com a imensa expectativa gerada com a eleição de Mário Pires por um número histórico de sufrágios no município de Ibiúna.

Não é objetivo destas linhas fazer um inventário dos problemas notórios que persistem graças a uma sequência de governos insatisfatórios no cumprimento de suas funções públicas.

A prioridade, presume-se, é agir visando a atender às necessidades e aos direitos dos cidadãos.

Haja vista, sobretudo, a nefasta herança deixada pelos últimos dois mandatários de triste memória, alguns compreendem as dificuldades, mas esperam por ações que resultem em melhorias dos serviços e obras públicas.

E é desse ponto de vista que eu tentaria dar uma resposta verossímil à senhora ibiunense.

Um dos maiores desafios do prefeito Mário Pires, entendemos, é conseguir livrar o seu governo do estigma [opinião negativa] da má fama dos que o antecederam no cargo, realizando uma administração pública de resultado como resposta à expectativa dos 21.661 eleitores que o elegeram numa evidente demonstração de vontade de mudança.

Também não é nosso propósito aqui carregar na tinta um cenário de críticas ou provocar a rede de maledicências, muitas delas feitas por autores que se escondem no anonimato, já que têm seus motivos para fazê-lo por temerem represálias.

Mas, certamente, essas postagens servem apenas para “eternizar” um estado de coisas que a ninguém deveria interessar, pois esse fenômeno tende a prejudicar o município e os seus cidadãos. Elas simplesmente realimentam as forças de grupos políticos adversários que ficam se atacando mutuamente.

Se considerarmos como certa a advertência bíblica de que “o tempo é o senhor da razão”, isso significa que a verdade e a justiça acabam prevalecendo.

Embora possa parecer que as coisas se mostrem confusas ou injustas, com o tempo elas serão esclarecidas e tornadas públicas e a verdade virá à tona.

Mesmo o mágico mais habilidoso poderá ter um dia seus truques revelados e o segredo oculto descoberto, tornando seu espetáculo menos atrativo ao público.

Entendemos, portanto, que o novo governante estará no caminho certo se seguir em direção oposta ao estigma interpretado pela população com a resignada expressão “sempre foi assim, aqui nada muda”.

Um fato notório nas redes sociais é o dinamismo de Pires, que, talvez por isso, venha a ser qualificado como o mais ativo e irrequieto prefeito na história política ibiunense.

Assessores próximos informam que ele não tem parada na busca de parcerias, soluções e de recursos junto aos governos estadual e federal, admirados com sua resistente motivação.

A imagem de sua movimentação se reflete por uma quantidade intensa de postagens nas redes sociais, que alguns consideram um tanto ubíquas.

E é aí que a questão se mostra em sua maior dimensão política: esses contatos precisam se transformar em resultados concretos e revelados para a população como forma inequívoca de sua dedicação à causa pública.

Realizar um governo percebido pela população como algo acima de qualquer suspeição, pela clara transparência de seus atos é o mais consistente meio para promover aprovação e apoio, embora essa visão possa ser considerada ingênua e irreal para os profissionais da política partidária e seus agregados.

Tomara que a sorte e a sabedoria o acompanhem nessa jornada e que as sementes plantadas logo vicejem, porque a população tem um tempo próprio no processo de suas expectativas e nos seus modos de se manifestar geralmente de um jeito sigiloso e discreto, mas relevante na formação da opinião pública. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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