VITRINE APRESENTA: INDIANA JONES E O VOO CEGO DA POLÍTICA IBIUNENSE

O comportamento dos atuais políticos ibiunenses parece indicar que a tradição está ficando para trás e gradativamente dando lugar a um novo cenário ainda indefinido. O caminho de volta, como nos filmes de Indiana Jones, ficou obstruído por rochas roladas por inimigos ocultos. Resta uma direção a seguir: para frente.

A rota para frente ainda não se sabe ao certo. O destino, portanto, desponta como incerteza e a causa desse fenômeno reside na falta de um guia ético de procedimentos. Tanta água passou debaixo da ponte ou tanta sujeira foi acumulada debaixo dos tapetes que o território ficou marcado por trilhas falsas e estranhos objetos deixados pelo caminho. Resultado: pratica-se aqui a política da desconfiança recíproca, da perfídia e do cinismo; na verdade, nada muito diferente do que acontece na vastidão de municípios brasileiros. Estamos diante de um problema cultural enraizado.

Mas nossa casa é aqui e é dela que devemos cuidar. A vida inteligente de Ibiúna deseja mudanças, quer melhoria ética, progresso, uma cidade digna de orgulho. Na Antiguidade, a figura mitológica de Hércules foi a Tebas e gravou uma inscrição em uma coluna: “Aqui termina o mundo conhecido”, significando que ir além será perigoso porque desconhecido.

Mas, como se sabe, foi exatamente por desafiar limites dessa natureza, indo além da estreiteza mental, é que o homem foi capaz de manter-se como ser antropológico e criar seu mundo. Houve, portanto, desde o início uma referência do que fazer, decidir e para aonde seguir. A ética é imprescindível para a superação da mediocridade política em Ibiúna e que tem gerado tanta insatisfação popular.

Se o que existia de bom foi desconstruído é preciso criar um novo edifício moral para sustentar e proporcionar qualidade de vida para mais de setenta mil almas que espalham por mais de mil quilômetros quadrados de uma natureza ainda exuberante.

As autoridades tanto do Executivo quanto do Legislativo precisam dar exemplos palmares, de conduta ética explícita. É preciso que tenham uma cara limpa e facilmente reconhecível pela população pelas palavras, gestos e atitudes claros. E isso é mais fácil de fazer do que se pensa, o que parece faltar é exatamente utilizar esse conhecimento de valores essenciais.

Finalmente, mas não menos importante: a verdade, embora conceito abstrato, corresponde a fatos reais, existe. Nesse momento historicamente delicado só a verdade pode interessar aos políticos éticos e assim pode haver esperança de mudanças concretas e objetivas para melhor. A verdade, filosoficamente, é sempre algo temível, por isso interessa a poucos. No entanto, ela permite que delas se aproximam aqueles que têm na mente algo a mais do que simples geleia cinzenta. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.