ADAL ASSUME SECRETARIA DA SAÚDE COM FÉ EM DEUS E PEDE APOIO DA POPULAÇÃO

O vice-prefeito Adal Marcicano, que já acumula a pasta de Esporte e Lazer, assume oficialmente nesta sexta-feira (20) a mais desafiadora das missões desde que tomou posse: passa a responder interinamente pela Secretaria da Saúde, a mais complexa e problemática do governo municipal. Assume no lugar de Giselli Maria Alves de Campos que pediu exoneração na terça-feira (17).

“Assumo essa função com fé em Deus e, desde já, peço que todos os munícipes colaborem para que possamos achar o caminho que resolva de vez esse grave problema no sistema de saúde do município”, afirmou Adal em entrevista à vitrine online hoje à tarde (18), quando já tratava de juntar informações para fazer um diagnóstico o mais preciso possível para começar agir. “Vou fazer de tudo para o bem dos munícipes.”

De antemão disse que tenciona, com base em dados relacionados tanto ao pessoal do setor quanto o que diz respeito a medicamentos e atendimento prestado ao público, fazer racionalmente toda economia possível, sem prejudicar o andamento dos trabalhos. “O déficit crônico entre o que precisa ser gasto para manter o atual status de atendimento e a capacidade financeira da prefeitura pode levar a uma situação irreversível que nos vem preocupando todos que estamos atentos a esse assunto. A realidade indica que para manter o atual padrão de atendimento no Hospital Municipal exige-se uma despesa mensal entre R$ 1,7 milhão a 1,9 milhão. A capacidade da prefeitura se situa entre R$ 1,1 milhão a R$ 1,2 milhão.”

O sistema de saúde como um todo – incluindo Hospital Municipal, medicamentos, pagamento de pessoal, Caps, Rede Básica, Centro de Reabilitação – absorve todo mês R$ 4 milhões de reais, ou seja, R$ 48 milhões por ano. Isso explica, notavelmente, a gravidade do panorama, já que o orçamento municipal gira em torno de R$ 130 milhões.

“Na realidade estamos diante de uma situação financeira insuportável e essa é a razão por que os municípios da região, como Cotia, São Roque, Vargem Grande, Mairinque, não dispõem de hospital com pronto atendimento. Somente Ibiúna mantém hospital com recursos próprios em toda a região.” É lembrado o caso dramático ocorrido em Cotia, quando o prefeito fechou o hospital, pegou a chave e a entregou ao governador. Ali o governo estadual assumiu o funcionamento do hospital.

Entre as soluções apontadas pelo novo secretário da Saúde, Adal Marcicano, se inclui a possibilidade de transformar o Hospital Municipal em uma Santa Casa, que conta com subvenção do governo federal, ou uma Fundação, que pode atuar com maior flexibilidade, sobretudo na obtenção de recursos ou se transformar num hospital estadual. Hoje nascem no Hospital Municipal cerca de quinze bebês por dia. Até mesmo parturientes de outros municípios que sabem haver aqui maternidade procuram atendimento em Ibiúna.

Neste momento há falta de enfermeiros e auxiliares de enfermagem no Hospital Municipal e ao mesmo tempo a dificuldade jurídica de realizar contratações, que não pode onerar mais sua folha de pagamento. Paralelamente, o contrato com a OS Instituto Social Saúde Resgate à Vinda que venceu uma concorrência e assumiu a gestão do Hospital Municipal no dia 28 de fevereiro termina no próximo dia 28 de junho. Esse fato, por si só, exige tanto sensibilidade, quanto prudência e sabedoria por parte da prefeitura, já que encontrar uma empresa idônea nesse segmento é como procurar agulha no palheiro. O dilema, portanto, requer mesmo que o apelo feito pelo novo secretário da Saúde conte com a compreensão, apoio e solidariedade de população.

Dívida e telhado

Um outro grave problema afeta diretamente a obtenção de recursos para a saúde por parte da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Um convênio no valor de R$ 240 mil firmado no dia 27 de junho de 2012 pelo governo Coiti Muramtasu [a gestão do setor era feita pelo Paulinho da Saúde – Paulo Niyama], destinados para a aquisição de equipamentos, mobiliários e instrumentais para as UBSs encontra-se em situação irregular por falta de prestação de contas e do destino da verba repassada de uma única vez.

Embora tenha herdado um abacaxi, a atual administração terá que devolver esse montante à Secretaria Estadual da Saúde, sem o que terá bloqueada qualquer liberação de novos recursos. Isto fez com que o prefeito Eduardo Anselmo solicitasse ao secretário David Uip o parcelamento da dívida em vinte e quatro parcelas. A prefeitura aguarda pela decisão daquela autoridade.

Uma das consequências negativas desse fato é o bloqueio da verba destinada à reforma do telhado do hospital [que se encontra em situação precária] antes da próxima temporada de chuvas. Sem que esse serviço seja feito, certamente haverá goteiras e risco de inundação em diversas áreas. (C.J.)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.