EDUCAÇÃO – CADA CRIANÇA É ÚNICA, COM POTENCIAIS SINGULARES DE AUTORREALIZAÇÃO

A grande esperança do mundo está nas crianças. Tudo que elas percebem em suas famílias, nas escolas, vai afetar sua personalidade até o fim da vida adulta, para o bem ou para o mal. Ou seja: os adultos estão indissoluvelmente presos às raízes de sua infância.

“A criança faz de tal maneira parte da atmosfera psicológica dos pais que problemas secretos entre eles podem influenciar profundamente sua saúde”, é o que nos ensina o fundador da psicologia analítica, Carl Jung. A parte mais importante dessa declaração diz respeito ao fato de que “a comunicação dos filhos com os pais se realiza por via inconsciente”. O único remédio eficaz para afastar esse problema é os pais enfrentarem suas dificuldades psíquicas sem usar manobras “falsificadoras”, agindo do modo mais honesto possível diante dos filhos.

No mesmo campo de reflexão, as crianças percebem com uma clareza mais do que se imagina “as deficiências” do educador. Isso implica que uma pedagogia saudável deve fazer com que o pedagogo esteja atento a seu próprio estado mental, a fim de “verificar de onde provêm as dificuldades que encontra com as crianças que lhe são confiadas”. Essa observação nos adverte que a “causa inconsciente do mal” pode estar no plano mental do educador e não da criança.

Então podemos concluir que, para termos um novo e ensolarado ambiente educacional, é preciso haver uma revolução na consciência e atitude de pais e mestres. Eles, primeiro, precisam educar-se para estarem em condições de educar corretamente as crianças.

É preciso que esteja presente na mente ativa dos educadores a disseminação do que se chama de “liberdade positiva”. Isto significa que as atividades espontâneas devem ser respeitadas visando permitir que a criança se desenvolva como uma personalidade integrada em sua plenitude.

Se o sistema educacional tem o mesmo formato para todos e funciona com o objetivo de levar ao conhecimento dos alunos o maior número possível de fatos, como forma de se conhecer a realidade, então não é por acaso o tradicional e notável desinteresse dos alunos ante a quantidade de informações que devem absorver.

O resultado é que a criança perde o estímulo para tomar iniciativa e tende a se tornar uma espécie de máquina [ou robô] de registro de fatos. Como esse estado se mantém, o aluno acaba perdendo o ânimo para “pensar e decidir por si mesmo”.

Há teses acadêmicas que apontam o dramático resultado do ensino que se bifurcou. Se antes, se visava o desenvolvimento cultural amplo dos indivíduos e, com o desenvolvimento da economia de mercado, o ensino passou a focalizar a formação de mão-de-obra, deixando para o segundo plano a formação que permite um amadurecimento integral, psicológico e intelectual, é por isso que toda a sociedade paga o preço de um paradoxo com o qual convivemos no dia a dia. Ensinar para quê?

Em vez de sobrepor-se, tolhendo-as, à natureza e a curiosidade natural das crianças, o objetivo real do ensino deve “favorecer a independência interior e a individualidade da criança, seu crescimento e integridade”, como já apontava o psicanalista Eric Fromm.

Assim, num ambiente aberto e autoconfiante, a ocorrência das emoções espontâneas será respeitada e não suprimida, ou substituída por falsas emoções, que constituem uma trama desafiadora para todos aqueles que desejam honestamente ver um novo ensino iluminando o mundo infantil.

Enquanto existem aqueles que por diversos interesses [até ideológico] buscam ocultar a verdade, está aberta a porta a todos os demais que querem gerar benefícios humanos por meio da liberdade e da verdade positiva.

 

Carlos Rossini é editor de vitrine online

e psicopedagogo institucional

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.