IBIÚNA TEM O QUARTO PREFEITO EM MENOS DA METADE DE UM MANDATO NORMAL

Se fossem pessoas diferentes a imagem fotográfica seria mais facilmente compreendida, mesmo assim a realidade é palmar: o município de Ibiúna acaba de ver a posse do seu quarto prefeito em vinte e um meses, antes mesmo de se chegar à metade do mandato legal de quatro anos. Esse fato não é apenas insólito, mas, por si só, contribui para a situação crítica da administração pública em todos os setores, sobretudo na área da saúde pública, o que tem prejudicado agudamente a população.

Por ter tido sua candidatura impugnada com base na lei da ficha limpa e sido condenado por improbidade administrativa e se tornado inelegível, mesmo assim Fábio Bello concorreu do pleito e obteve a maioria dos votos. Devido às restrições, o segundo colocado no pleito, professor Eduardo Anselmo tomou posse como prefeito em 1º de janeiro de 2013.

Oito meses depois, um dos recursos impetrados por seus advogados no TSE fez com que Bello conseguisse assumir o cargo no lugar de Eduardo, isto aconteceu no dia 6 de setembro de 2013. Os advogados de Eduardo, por sua vez, entraram com novo recurso. No dia 6 de dezembro de 2013, Eduardo volta à prefeitura. Na última sexta-feira (3), por força de uma liminar acolhida pelo TSE [considerando que não fora dada a Bello, no dia 6 de dezembro de 2013, a oportunidade de se manifestar sobre a resolução do juiz eleitoral, que anulou a contagem dos seus votos, sua diplomação e posse], o ex-prefeito reassumiu o cargo. Ibiúna, portanto, teve até agora quatro prefeitos atuando em períodos diferentes:

EDUARDO ANSELMO

1º PERÍODO – DE 1º/1/2013……..(8 MESES)………. 6/9/2013

FÁBIO BELLO

1º PERÍODO – DE 6/9/2013……….(3 MESES)………5/12/2013

EDUARDO ANSELMO

2º PERÍODO – DE 6/12/2013………(9 MESES)……..3/10/2014

FABIO BELLO

2º PERÍODO – DE 3/10/2014…………………………….       ?

Enquanto o ponto de interrogação continua no ar, movidos por uma natural euforia, correligionários de Bello procuram golpear a imagem do governo que deixou o Paço Municipal na sexta-feira. Em conversas de rua e no Facebook postam denúncia [sem fundamentá-la, pelo menos até agora, por meio de um boletim de ocorrência policial] de que teriam encontrado objetos destruídos ou mesmo levados da prefeitura, insinuando má conduta ou sabotagem a fim de prejudicar o governo que se prepara para assumir de fato os destinos do Executivo, já a partir da próxima segunda-feira.

Do lado do governo que deixou o poder, pessoas ouvidas, em resumo, consideraram que essa conduta “já era esperada, uma vez que essa é forma deles agirem”.

De qualquer forma, é preciso esperar e ouvir o que pensa e pretende o novo prefeito, em meio a essa situação que chega a ser estranha à vida real dos munícipes, atônitos com os fatos que se sucedem na esteira dos procedimentos jurídicos. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.