DEPOIS DE DOZE ANOS NO COMANDO DA PRESIDÊNCIA, PT PODE SER SURPREENDIDO NO DIA 26

A propaganda eleitoral volta nesta quinta-feira, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral, às 20h30, com dez minutos para cada candidato a presidente, começando com Dilma Rousseff por ter obtido maioria dos votos no primeiro turno; o mesmo acontecerá, no rádio e na TV, nos estados onde haverá segundo turno para governadores. A campanha se encerrará dois dias antes da eleição do dia 26. Pela primeira vez desde que o PT assumiu o comando da Presidência da República, nos últimos doze anos, poderá ser surpreendido pelos resultado das urnas diante do seu adversário, o tucano Aécio Neves, que será possivelmente beneficiado com a migração dos votos dados no primeiro turno a Marina Silva. Ser visto como símbolo do antipetismo [não se pode desconhecer um processo de desgaste de imagem e de  exaustão diante de histórias sem fim de corrupção durante as últimas governanças presidenciais] poderá coincidir com o forte desejo latente de mudança da população [talvez com exceção do Nordeste]. A tonalidade do discurso petista parece ter se exaurido pela contínua mesmice de promessas diante de um país real extremamente sofrido e violento.

“Ninguém é dono do eleitor”, acaba de proclamar Dilma Rousseff para afastar o fantasma do possível apoio de Marina Silva a Aécio Neves, o que já aconteceu com um partido coligado, o PPS. No primeiro turno compareceram às urnas 115 milhões de brasileiros. Dilma obteve 43 milhões de votos, Aécio, 34,8 milhões e Marina, 22,1 milhões; os partidos nanicos somaram 4,6 milhões de votos. Os últimos três conjuntos eleitorais somam 61,5 milhões de votos e, em princípio, nada pode garantir que haverá uma migração em massa para Aécio Neves, mas também é pouco provável que migrem para Dilma. Daí haver uma grande chance para o tucanato voltar ao poder no Planalto. Se isso será bom ou não para o País já pertence a outra história.

De alguma forma, o PT já balançou com resultado sintomático na eleição para governador no Estado de São Paulo. Com toda a força e prestígio de Lula, Padilha, o candidato petista, não passou do terceiro colocado, com a vitória em primeiro turno de Alckmin que apostará todas as suas fichas em Aécio que deverá apoiá-lo nas eleições presidenciais de 2018.

Animado por ter ido para o segundo turno, surpreendendo pelo resultado a tendência inicial de segundo lugar para Marina Silva, Aécio dará o máximo de si tanto na TV quanto no rádio e possíveis debates, tipo cara a cara, tenderão a ser escorregadios para a candidata petista, exatamente por ter conquistado a posição que conquistou. Isso parece um paradoxo, mas faz parte da lógica da gangorra do poder. Aécio procurará marcar pontos demonstrando a desenvoltura de estadista preparado. Isso poderá fisgar votos alternativos de larga parcela dos brasileiros descontentes, se o seus marqueteiros enxergarem corretamente os pontos fracos dos assessores políticos de Dilma. Se não surgir algo novo, tipo Petrobrás, o que valerá mesmo será o talento de palco, de convencimento, da capacidade de mexer com os corações e mentes dos brasileiros. Tanto o conteúdo quanto a tonalidade com que as mensagens forem passadas ao público serão decisivos perante um eleitorado que estará diante de uma tarefa simples: votar em um ou em outro. Por esse aglomerado de fatores, o PT poderá ser surpreendido no dia 26, quando se realizarão as eleições do segundo turno.

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Carlos Rossini é editor

de vitrine online

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.