OPINIÃO – PREFEITO DE IBIÚNA VIVE UMA FASE “LOW PROFILE”

Se o atual de novo prefeito de Ibiúna fosse um neófito, algo que notoriamente não é, pois já se sentou na cadeira de comando do Executivo por oito anos, seria mais compreensível entender a sua conduta, a caminho de completar os dois primeiros meses da nova fase. Não só parece ter adotado um comportamento low profile [discreto] e cauteloso como, em nenhum momento, apresentou nem mesmo um esboço de plano de governo – ainda resta pouco mais de dois anos para a conclusão do atual mandato. Pois devemos ou deveríamos até mesmo ter planos para fazer compras no supermercado e, assim, agiríamos mais racional e objetivamente e deixaríamos de adquirir coisas supérfluas. Mas o fato é este: quando a população ficará sabendo que rumo pretende tomar e quais são suas prioridades?

A resposta a essa indagação tornará sua gestão minimamente clara quanto às suas reais intenções, em relação a todos os setores abrangidos pela administração municipal e, poderá, até mesmo ser compreendido pelos munícipes que, inclui, diga-se, seu grande e fiel contingente eleitoral. Que esclarecimento prestaria, por exemplo, para a mãe de uma criança que atravessou a noite ao “relento”, como ela mesma declarou, para conseguir uma vaga para a filha na creche, evocando  sua conquista como uma benção de Deus? Será mesmo verdade que devolveu 800 colchões [este número estaria correto?], além de outras mercadorias, adquiridas pelo governo anterior? Por que fez isso? Os colchões não eram necessários? Onde seriam utilizados?

O que pretende fazer em relação ao que foi propalado sobre uso de verba do Fundeb, destinada especificamente para o setor de educação, no montante de R$ 7 milhões, para outras finalidades, como pagamento de INSS e de salários de servidores, atribuído ao governo anterior? É sabido que nesta segunda-feira (24) integrantes do Conselho Municipal de Educação se reunirão com o prefeito para discutir esse assunto.

No plano da comunicação social, por que motivo, em vez de divulgar notícias a partir de sua assessoria de Imprensa, se está utilizando, de modo exclusivo em algumas situações, o Facebook, que não pode ser considerado como um meio oficial, já que qualquer pessoa – como aliás, vem acontecendo – pode postar informações sem que se respeitem as regras de fundamentação e a ética jornalística.

O fato que aqui estamos tentando apontar diz respeito a uma situação crônica e histórica do Executivo ibiunense não saber ou não desejar, estrategicamente, manter um serviço de comunicação socialmente transparente, com qualidade profissional e com base nas práticas universais desse modo de atividade, extremamente rico em países democráticos avançados. É oportuno lembrar que manter as pessoas na ignorância dos fatos – e não estamos acusando quem quer que seja ao dizer isso – não deixa de ser uma forma de governar, muito comum na história política brasileira.

Soubemos que o atual prefeito, pelo menos até agora, está preferindo passar os contatos com a imprensa para seus auxiliares, secretários e diretores de áreas. Deve haver um motivo a ser considerado para essa postura, já que o atual prefeito, via de regra, é portador de uma loquacidade ímpar e deve estar se esforçando para manter a nova disciplina que lhe deixa diretamente menos exposto. (C.R.)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.