ARTIGO – MATURIDADE É ESSENCIAL NAS RELAÇÕES ENTRE HOMENS E MULHERES

Um psicólogo norte-americano, H.A. Overstreet, professor em duas universidades, dedicou toda a sua vida ao estudo da maturidade mental e fez descobertas admiráveis. Uma delas é que há uma diferença entre o crescimento biológico e o mental das pessoas. Resumindo: [nem todos] os indivíduos, “por alguma razão inerente à sua experiência emocional [desde criança], deixa de prosseguir em seu crescimento psicológico”. Na prática, em vez de resolver seus problemas como adultos, agem como crianças irresponsáveis, e essa seria uma das causas de os homens deixarem as mulheres desesperadas, já que, supostamente, são mais equilibradas.

O autor inclui, com razão, a falta de maturidade verbal, já que “a linguagem é a mais pronta válvula de segurança emocional do homem”. Por isso, muitas vezes se ouvem as mulheres dizerem: “Que nada, o cara não tem papo!” [linguagem segura, adulta,etc.]

No contexto amplo, naturalmente, as diferenças entre a idade biológica e a psicológica existem e atingem tanto homens como mulheres. Assim tanto pode existir uma mulher de 30 anos, com um nível emocional de 15, ou um homem com 25, com uma perspectiva de uma criança de cinco anos, um menino de 10 pode “ter um senso de responsabilidade [a capacidade de responder por si mesmo] e uma firmeza de propósitos que surgem normalmente aos 20”. O plano de fundo continua o mesmo: algumas pessoas parecem ficar “interrompidas” em um determinado momento da vida e não conseguem crescer, como na história do Peter Pan. “Nem todos os adultos são adultos”, frisa o autor.

Não dá para seguir adiante sem admitir que as pessoas imaturas sofrem em suas relações sociais familiares, profissionais e amorosas protagonizando toda sorte de conflitos e confusões carregadas de oscilações emocionais que combina sequência de agressividades verbais (ou físicas) acompanhadas de arrependimento e sentimento de culpa. Esse panorama, no entanto, não deve servir para culpabilizar os homens do século XXI, pois seus ancestrais, nos séculos passados, tanto por razões de ordem dos poderes econômico e religiosa, que plasmaram uma ideologia castradora, foram submetidos até mesmo pela força física, para se manterem presos dentro de um círculo de medo, ignorância e imaturidade.  Esse processo estabeleceu uma forma doentia de autoridade do homem sobre a mulher, uma das mais nítidas evidências do poder da imaturidade.  Hoje, felizmente, essa nuvem tenebrosa se dissipou e há mais portas para se encontrar o caminho da maturidade.

E a chave principal disponível àqueles que quiserem crescer e se libertar e estabelecer relacionamentos harmoniosos, bem-humorados e inteligentes, é a linguagem. “É através da linguagem – diz Overstreet – que mais comumente procuramos escapar do nosso isolacionismo íntimo, e penetrar numa comunidade de experiência.”  E agrega: “Nossa vida só estará em boa forma quando as ligações comunicativas entre nós e o mundo estiverem relativamente maduras, e progredirem cada vez mais nesse sentido.”. Em suma, e isso se aprende também, estamos destinados a pensar e a agir como adultos. Evitar seguir esse caminho nos torna imaturos. E este é um desafio que deve ser enfrentado por homens e mulheres de todas as idades que sentem mal-estar que pode ter como causa um modo imaturo de encarar a vida. (C.R.)

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.