EQUILÍBRIO ENTRE RAZÃO E EMOÇÃO PODE TRAZER FELICIDADE EM 2015
O famoso filme Ben-Hur, que tanto sucesso fez nos cinemas de todo mundo, recebeu, em Portugal o sugestivo título de O Charreteiro Infernal. Queiramos ou não, somos todos charreteiros. Mas, não necessariamente infernais, tipo Ben-Hur. Infernal, aqui, tem o significado de “espetacular”, “fora de série”, “ótimo”. Somos, a maioria de nós, apenas charreteiros razoáveis. Alguns limitam-se a ser medianos ou, até, medíocres. Bem poucos conseguem ser infernais.
A charrete – que, no caso de Ben-Hur, é uma biga romana, isto é, um carro de duas rodas puxado por dois cavalos – pode simbolizar, segundo o filósofo grego Platão (427a 347), a nossa natureza física, com seus apetites, instintos, paixões inferiores e poderes de ordem material. Além disso, graças às descobertas de Freud (1856-1939), o pai da psicanálise,
podemos acrescentar todas as potências do nosso inconsciente.
Para Platão, o charreteiro representa a nossa natureza espiritual, à qual compete controlar os dois cavalos que tracionam a nossa charrete: o cavalo da emoção e o da razão.
Toda arte de conduzir a charrete na qual estamos embarcados, consiste em controlar e harmonizar a andadura dos dois cavalos que a puxam. E, para tanto, são necessários alguns saberes. Precisamos saber, por exemplo, que o cavalo da emoção é muito veloz. Por isso, nunca podemos dar-lhe rédias soltas. Enquanto isso, o cavalo da razão é um tanto lerdo, portanto precisamos incitá-lo.
É claro que não podemos segurar demais as rédeas do cavalo da emoção e nem incitar demais o cavalo da razão. Há um justo e difícil equilíbrio que devemos procurar manter. Segurar demais as rédeas do cavalo da emoção nos torna charreteiros medíocres. Incitar demais o cavalo da razão, nos torna charreteiros loucos. Como já disse alguém, a mediocridade é a arte de não ter emoções. E, segundo o escritor inglês Chesterton (1874-1936), “louco não é o homem que perdeu a razão, mas aquele que perdeu tudo menos a razão.”
A nossa felicidade depende, em parte, de como lidamos com os dois cavalos atrelados à nossa charrete. Que o Natal e o Ano Novo sejam uma oportunidade de reflexão sobre esse importante assunto. E, isso, para que sejamos felizes não só no Natal e no Ano Novo, mas no decorrer de todo ano de 2015.
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Claudino Piletti é professor-doutor em Pedagogia e autor de vários livros. Gaúcho de Bento Gonçalves, reside em Ibiúna há longa data com a família.