NATAL E “RÉVEILHON’ SÃO TEMPOS DE DESPERTAR; AGORA VOCÊ TERÁ MAIS UMA OPORTUNIDADE!

O Natal e a passagem para o Ano-Novo são duas celebrações de profundo significado simbólico. Embora não evocado pelas pessoas, as move como faziam nossos ancestrais, na esperança de contar com a proteção contra os fenômenos da Natureza ou para propiciar uma safra generosa de alimentos, essencial para garantir a existência de grupos estacionados em determinadas regiões ou povos nômades.

Acreditavam, como nós cremos hoje, que praticar determinados rituais afastavam os terríveis e rondantes fantasmas, sendo o principal deles e a razão do maior de todos os medos: a morte. Essa necessidade gerou o sagrado em diversas formas, incluindo os naturais e evidentes, como o Sol, uma montanha ou mesmo, mais tarde, totens, cruz e uma infinidade de outros emblemas.

Na mitologia grega há duas figuras que, ainda que desconhecidas por muitos, estarão presentes como arquétipos nas comemorações do Natal e do Ano-Novo, que nos conduzirão ao ano de 2015.

Eram Dionísio e Apolo. O primeiro simboliza o prazer, o gozo, da diversão extrema, da bebilança e da comilança. Na realidade, na celebração dionisíaca os convivas provocavam vômito em si mesmos para continuar bebendo e comendo, como se fossem capazes de engolir o mundo todo. A embriaguês encobria tudo, até mesmo a idéia da morte. Rompiam-se os limites, como fazem as bebidas e as drogas nos dias atuais. De fato, alguns mergulhavam no nada e de lá não mais voltavam. Era apenas menos uns!

A segunda figura, Apolo, representava o comedimento, a virtuosidade, a temperança, o equilíbrio nos atos, como se as pessoas devessem crer no futuro a ser vivido e que o mundo não podia se acabar em uma única zorra infernal, incluindo bacanais e práticas sexuais promíscuas. A visão apolínea se contrapõe à dionisíaca e ambas constituem uma representação dos atos humanos exercidos na vida real, que oscilam ora para um lado, ora para outro. Por isso, a idéia de férias nesse clima festivo surge como uma forma de compensação contra o que passou. Elas figuram como um hiato, ainda que ilusório, e uma promessa de começar como se tivéssemos renascido. Simbolicamente é isso que acontece em nossas mentes.

É exatamente o sentido profundo das festas de Natal e do Ano-Novo: deixar para trás os cansaços, as frustrações, as humilhações, a rotina desgastante, os medos, os relacionamentos sempre incertos, as fragilidades; a imaginar novos sonhos de amor, de trabalho, de esperança, de saúde, de prosperidade.

Para que isso aconteça é preciso que surja o novo. Se fôssemos como certos bichos, trocaríamos de pele por uma nova. Mas o fazemos usando pelo menos um objeto novo: uma calcinha ou cueca branca, no mínimo. O simbolismo é evidente: ‘vou purificar-me’. É natural nesse momento de encontro entre Dionísio e Apolo que haja tanto mais confraternização quando o desejo de amar e ser amado. É ritualisticamente um tempo de virada! De espocar de fogos ornamentais, de barulhar, de gritar bem alto a felicidade, ainda que por um momento.

A palavra réveilhon, se origina do verbo francês réveiller. Este etimologicamente significa ‘acordar’. Réveilhon se refere à ceia que se realiza na passagem do ano. Juntando ambos os significados temos a seguinte equação: Nos juntamos, compartilhamos o alimento, nos abraçamos, nos amamos e despertamos para um novo tempo.

Vitrine online deseja a todos os seus leitores e para toda a humanidade um Feliz Natal e um Ano-Novo de realização de sonhos. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.