SEM TRANSPARÊNCIA, IMAGEM PÚBLICA DA PREFEITURA DE IBIÚNA FICA PARECIDA COM UM BORRÃO

A Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 5º, garante a todos os cidadãos o direito à informação, tanto relacionada a seus interesses pessoais, quanto coletivos ou gerais. O não cumprimento dessa prerrogativa por parte das instituições federais, estaduais e municipais as torna sujeitas a pena de responsabilidade.

Esse tema entra em foco porque vitrine online vem recebendo muitas queixas dos munícipes que, claramente, demonstram insatisfação por não receberem atenção da atual administração municipal. As reclamações entram pelo Facebook, pelo in Box, pelo telefone e parecem indicar procedimentos incorretos de natureza estrutural, operacional ou mesmo de postura pública.

Nos últimos dias, refletindo dúvidas e/ou interesses dos seus leitores, encaminhou quatro ou cinco perguntas à prefeitura sem ter, até agora, recebido nenhuma manifestação a respeito. Ainda hoje (29), procuramos atender a uma professora contratada que teria ouvido que a distribuição de classes prevista para esta sexta-feira (30) havia sido suspensa e adiada, mas sem data definida.

Não conseguimos contato e tampouco retorno das solicitações encaminhadas por e-mail [até às 17 horas de hoje] quanto da própria Secretaria da Educação, onde deixamos nosso contato telefônico. Aí recebemos a informação de que o atendimento ao público estava fechado porque os funcionários estavam concentrados na distribuição das classes. Procuramos outra fonte, fora da administração pública, que confirmou o adiamento. As aulas começam na próxima segunda-feira, dia 2 de fevereiro.

Agora, independentemente dessas questões específicas há uma notória escassez no fluxo de informação à sociedade. Aliás, uma das solicitações feitas por vitrine online à prefeitura pretende apresentar um balanço das realizações dos cinco meses do atual governo que se completam na terça-feira, dia 3, a fim de se dar oportunidade dos munícipes avaliarem o ponto de vista oficial sobre o assunto.

Supostamente nem o atual chefe do Executivo tem afinidade com vitrine online assim como a recíproca deve ser equivalente. Talvez tenhamos perspectivas de mundo divergentes. Um prefeito é um homem público independentemente de sua volição e posturas subjetivas. E, por isso mesmo, deve prestar  informações ao público, que inclui a presença da imprensa como meio universal.

Políticos ibiunenses usam um chavão já puído de tão desgastado, e meio demagógico: se for pelo bem da cidade conte comigo. Mas, na prática, as coisas são diferentes. Interesses individuais e de grupos ainda predominam fortemente. E aí, mas longe da vista e da escuta dos cidadãos, a conversa é outra e ficamos já careca de ouvir coisas dessa natureza contraditória.

Mas, enfim, não só por uma questão de direito constitucional, mas sim por necessidades humanas dos munícipes – seja em relação à saúde, ao transporte público, à coleta do lixo, às estradas, à educação, ao desemprego, etc., faz-se necessário que a autoridade municipal adote uma atitude de transparência fidedigna e atenda aos anseios do povo, que precisa de informação para se orientar. Sem isso, a face pública fica parecida com um borrão. (C.R.)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.