SEM COLETA, LIXO SE ACUMULA POR TODO O MUNICÍPIO DE IBIÚNA; PREFEITURA NADA COMENTA

Na última segunda-feira (2), sem nenhum aviso prévio aos munícipes, a prefeitura de Ibiúna introduziu uma nova empresa de ônibus, provocando sofrimento à população, especialmente aos alunos tanto da rede municipal quanto da estadual, que tiveram que esperar [isso ainda continua] até horas em beiras de rodovia e de estradas para retornar às suas casas ou seguir para suas escolas. Muitos ainda se queixam da situação. O que não se sabia é que, além da notificação judicial entregue às 10 horas da manhã daquele dia aos proprietários da Transporte Vargem Grande Paulista – TVGP, dispensando seus serviços de transporte público, havia outra que dispensava também a Cidal, empresa de coleta e remoção de lixo, dos mesmos proprietários da TVGP, o empresário Flávio Furtado e seu filho.

Com a paralisação da coleta de lixo, vitrine online passou a receber muitas queixas de seus leitores. Foi a campo e constatou o problema e procurou esclarecimentos oficiais sobre o assunto. A prefeitura não respondeu nem as perguntas enviadas por e-mail para sua assessoria de imprensa logo cedo e as que foram passadas à tarde por telefone para o secretário de Desenvolvimento Urbano da cidade, que também não deu retorno. Todo o esforço da reportagem desaguou num mutismo tumular.

Problemas nos municípios brasileiros são o que meno falta, nas áreas da saúde, educação, transporte público, saneamento básico, cuidados ambientais. Ok. O que está em jogo no caso de Ibiúna é a falta de respeito com a população que, sem receber nenhum comunicado oficial e tampouco orientação de como proceder, apenas fica com o ônus dos efeitos das  medidas que aparentam ter sido tomadas dentro de uma ostra.

A questão da suspensão da coleta de lixo permanece sem nenhuma explicação sobre o que será feito para a retomada do serviço, embora tivéssemos insistido durante todo o dia com a prefeitura, como uma cabal forma de desprezo pela opinião pública e um modo de agir que não leva em conta a responsabilidade e o direito à informação previsto na constituição brasileira.

No entanto, a página do Facebook da vitrine online recebeu talvez a maior quantidade de manifestações dos munícipes já registradas até agora em relação a outros temas. Alguns cidadãos chegaram a sugerir que juntassem o lixo e o despejassem na porta da prefeitura, como uma forma de deixar claro o descontentamento pela forma como o município está sendo tratado, em prejuízo de sua população.

Governo fechado

Fazer mudanças, trocar fornecedores,  buscar melhorias, aprimorar serviços é uma prerrogativa dos homens públicos, o que, por outro lado, os tornam responsáveis pelos seus atos. O que continua sombrio neste atual governo é o fato de ele estar fechado e não se comunicar e tampouco informar a população. Na verdade, essa atitude hermética insere uma aura de mistério no modus operandi do Executivo. Hoje, embora tenhamos profissionalmente tentado obter informações sobre as medidas que estão sendo tomadas para regularizar a coleta de lixo o mais rápido possível, porque se trata de uma questão de saúde pública, não houve resposta alguma. Tudo isso passa ao largo do que se entende por política e democracia.  Como se sabe pela história, esse comportamento além de estranho e nefasto é politicamente incorreto.

Vereadores

Quem se der ao trabalho de ler as dezenas de manifestações no Facebook da vitrine online poderá verificar a presença de várias referências aos vereadores que estariam muito distantes de lidar com um assunto dessa gravidade, como se fosse um fato de pequena importância. E estamos sendo elegantes nesse resumo das vozes populares. (C.R.)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.