Novo prefeito começa bem, com seu jeito lento de falar e ouvir

Até agora o professor Eduardo, investido no cargo de prefeito, não mudou uma vírgula em relação ao seu comportamento anterior. Bingo! Ou seja, demonstra por seus atos que está livre da mosca azul que costuma picar aqueles que ascendem a alguma forma de poder e chamam a atenção por suas atitudes surpreendentes e estranhas ao seu modo habitual de ser.

Afortunadamente, há sinais de que – ao contrário do resultado de uma enquete realizada por esta revista, em que aparecem cinquenta por cento dos votos revelando uma expectativa de insegurança em relação ao novo governo – em seus primeiros dias de mandato está se saindo bem. Talvez por ter de agir durante muitos anos por meio de condutas exemplares para os seus alunos, se sinta seguro para praticar o mesmo em relação ao povo ibiunense.

Mas pode haver outras causas e entre elas deve se incluir seu modo transparente, humilde e ousado de lidar com a realidade imediata. Exatamente por esses motivos se reproduz aqui um trecho emblemático proferido em seu discurso de posse:

“Peço paciência, esperança e fé. Sei que muitos não acreditam que eu seja capaz. Afirmam que vão mandar em mim, que não tenho pulso firme, que choro, que não tenho experiência, muito blá-blá-blá. Mas ninguém, pode afirmar que sou desonesto, preguiçoso, omisso.”

Esse argumento parece indicar que o novo prefeito encara a realidade de modo consciente e realista.  Visto de um modo positivo, o prof. Eduardo está nos dizendo que sabe o que é pulso firme, que pode chorar como todos os homens de verdade choram num momento ou outro e que está predisposto a assimilar rapidamente as exigências do novo cargo, já que conheceu a intimidade do Executivo com o qual se relacionou durante quatro anos na condição de vereador.

Mas se o prefeito, como parece estar acontecendo, tiver alguma semelhança com traços de personalidade de Koffie Annan, ex-secretário-geral da ONU, então há mais um motivo para acreditar que seu governo segue o rumo certo. É a mulher de Annan que descreve seu modo de agir. ‘Nos momentos mais difíceis, quanto pior for a situação [no caso, em âmbito mundial], mais calmo ele fica. Ele cria um estado interno de tranquilidade para poder olhar a situação a distância.’ Ainda segundo sua mulher, Annan ‘se torna lento ao falar e sereno, como se abrisse um espaço de silêncio interno para poder decidir. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.