OPINIÃO: SUPEREGO DE BELLO PARECE SER MAIS FINO DO QUE PAPEL DE ARROZ

O superego do prefeito Fábio Bello aparenta ser mais fino do que papel de arroz. Pode-se presumir isso como um traço de personalidade, pela observação do seu comportamento político histórico.  Dito outra forma, aparentemente é como se fosse inatingível por provocações de natureza ética ou moral. Isto se verificou na sessão plenária do Tribunal Superior Eleitoral na quinta-feira (25), em que obteve provimento ao seu recurso que o manteve à frente do Executivo de Ibiúna.

bello 2Quando a advogada Gabriela Rollemberg, representando o ex-prefeito Eduardo Anselmo, iniciou uma série de libelos contra ele, este era visto muito próximo da tribuna manifestando apenas alguns sinais reativos às cargas verbais que lhes eram dirigidas: retorceu a boca duas ou três vezes, assim como mirou o relógio outro tanto. Fora isso, parecia que a advogada estava se referindo a outra pessoa. E isso, do ponto de vista psicológico, remete para a ideia da constituição de sua estrutura mental.

Por muito menos do que Rollemberg proferiu contra ele, outras pessoas podiam até sofrer desarranjos intestinais e ânsia de vômito, o que não foi o caso. Ela disse de modo enfático – para sustentar seu pedido à corte de não prover o recurso de Bello – que ele estava condenado por improbidade administrativa, que havia ainda duas graves condenações a serem consideradas, além do fato não menos relevante de que R$ 38 milhões do seu patrimônio pessoal estavam bloqueados pela Justiça para eventuais reparações de danos.

Para quem declarou um patrimônio relativo ao preço de um carro popular que seria pago em quarenta e poucas prestações e algo como R$ 260,00 em conta bancária, nas eleições de 2012, na condição de candidato a prefeito, é gritante a diferença do vultoso montante em bloqueio revelado pela advogada. Ficamos sabendo, por isso, que o atual prefeito de Ibiúna se tornou milionário.

Isto não quer sugerir que o patrimônio que lhe foi atribuído publicamente pela advogada perante a mais alta corte eleitoral tenha sido resultado de atos reprováveis, pois pode ser fruto de um extraordinário talento midânico para realizações de negócios.

De qualquer modo, os argumentos de Rollemberg parecem ter passado ao largo de convencer a maioria (5) dos ministros do TSE que proveram o recurso especial de Bello, contra dois que o desproveram, dados por Luiz Fux [este havia concedido liminar para Bello que lhe garantiu oito meses no posto de prefeito], até ontem, quando o recurso foi, finalmente, julgado, e da ministra Maria Theresa de Moura.

Livre, portanto, do fantasma [se é que essa imagem pode ser aplicada ao caso] que poderia estar flutuando sobre sua cabeça, Fábio Bello está agora em condições favoráveis para prosseguir seu governo. Tomara que produza algo respeitável nos próximos dezoito meses de mandato, que aja de modo transparente perante a sociedade [o que não aconteceu até agora] – deixando para trás a “lei da mordaça”, que seu governo instituiu, e proceda uma abertura do Executivo perante a opinião pública. Isso que já devia ter acontecido poderá ser um alento para uma população descontente e incrédula. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.