ENSAIO POLÍTICO – UM PROGNÓSTICO SOBRE O PRÓXIMO PREFEITO DE IBIÚNA
As pessoas me perguntam quais serão os candidatos a prefeito de Ibiúna. Especulativamente, posso citar aos menos cinco nomes, mas não vou escrever isso aqui. Acho mais interessante e desafiador fazer um prognóstico de quem vai ser eleito, mesmo com o risco de errar feio. É melhor imaginar um prognóstico do que não ter nenhum.
Um dos motivos para adotar essa perspectiva deve-se às contingências de uma disputa eleitoral.
Quer um exemplo? Nas últimas eleições, e isso desde então sempre correu à boca pequena entre os políticos ativos, pelo menos dois notáveis cavalheiros teriam aceito negociar a própria desistência da candidatura na última hora, tendo em vista interesses pessoais ante generosidade irrecusável.
Terá havido, no mesmo pleito, certo candidato que investiu um valor bastante significativo, parte do qual compartilhou com candidatos a vereador que, aparentemente, lhe dariam apoio na campanha. Frustrado, saiu da cidade soltando fumaça pelas ventas, como um miura antes de avançar contra o toureiro, e maldizendo traições.
Por fim, ainda é temerário imaginar às cegas composições partidárias para esse cargo, sobretudo considerando a relação custo-benefício tanto em relação a ganhos quanto a possíveis perdas, além dos riscos naturais impostos num procedimento eleitoral.
Então, vamos ao que interessa. O futurólogo Alvin Toffler, no livro em que prevê o “choque do futuro”, para minha surpresa, fala na situação das prefeituras “de todas as nações”, tendo como referência as mudanças provocadas pela tecnologia e que, numa interpretação livre de suas palavras, parecem agir como “baratas tontas”, tanto por não terem uma visão do futuro por falta de um plano coerente e visionário de trabalho quanto por estarem presos a arraigados hábitos do passado obsoletos.
Segundo o autor, não conseguem enxergar além das ações imediatas, quando deveriam antecipar visões governamentais levando em conta os próximos 10, 20 e até 50 anos. A chave, para Toffler, seria “reunir” o presente com o futuro.
Bem, mas temos um desafio para cumprir e o fazemos a partir de já. As próximas eleições em Ibiúna, independentemente daqueles que estão no poder, parece que farão despertar um desejo oculto na mente dos eleitores para uma nova opção.
Já houve pelo menos um momento em que essa “vontade” se manifestou nas urnas com a eleição do coronel Darcy Pereira. Em 2012, essa mesma tendência posicionou o professor Eduardo Anselmo em segundo lugar. Ambos terão sido percebidos pelos eleitores por se diferenciarem dos concorrentes pelo fato de não terem nenhuma mancha crítica em suas biografias, ou seja, rejeição-zero, se é que isso possa existir. Os dois eram candidatos de primeira viagem.
Agora, para quem é observador atento e sensível aos comentários feitos aqui e ali, à toa e sem compromisso e livre de qualquer tipo de censura, é bem provável que esse intento esteja preparando uma maré alta, pois o povo demonstra sinais claros de estar insatisfeito com a mesmice fazendo-nos crer que a cidade pareça congelada no tempo.
Toffler dá uma pegada forte. “Na teoria”, ele diz, “o eleitor infeliz com o desempenho do seu representante pode votar contra ele nas próximas eleições”. Essa perspectiva pode parecer assustadora, mas é uma possibilidade plausível nos tempos atuais e poderá ser ainda mais daqui a nove meses, quando se realizarão as eleições, a menos que fatos novos e eloquentemente auspiciosos despontem ante o olhar da população.
Então, se a lógica desses argumentos estiver correta – e no jogo político nem sempre dá a lógica – o futuro prefeito de Ibiúna será uma pessoa que ainda não disputou esse cargo, com imagem pessoal impoluta, simples, honesta; mas, ao mesmo tempo, deverá demonstrar, retoricamente, características sólidas de vigor moral, capacidade de trabalho e de encantar o povo com um traço carismático inovador. Com certo exagero, diria que essas características parecem evocar a esperança na aparição de um herói popular preparado para lidar com tempos difíceis.
___________
Carlos Rossini, jornalista e sociólogo, é editor de vitrine online.