ARTIGO – NÉVOA NO CENÁRIO POLÍTICO DE IBIÚNA AINDA É DENSA, MAS DESEJO DE MUDANÇA ESTÁ EM CURSO

sede da prefeitura

A menos de cinco meses das eleições, o cenário político relativo aos potenciais candidatos ao cargo de prefeito da cidade de Ibiúna continua nebuloso e envolvo por segredos escondidos nos disfarces que em breve se revelarão. Há inegavelmente o desejo de se produzir mudança no rumo da situação presente que se traduz pelo nítido descontentamento com as atitudes às vezes exóticas do mandatário no poder.

A decisão do Superior Tribunal Eleitoral não apenas surpreendeu os ibiunenses, para a alegria de alguns e tristeza, de outros, como deixou uma marca indelével em relação às surpresas ao curso dos processos e das decisões jurídicas de entes que vivem em plano próprio e dependente das leis e suas interpretações. Há, portanto, até agora, dúvida se Fábio Bello (PMDB) será candidato com o objetivo de coroar um quarto e inédito mandato como chefe do Executivo ibiunense ou se se utilizará de um preposto.

Para todos os fins, seus adversários – são vários potencialmente – consideram que, pela sua paixão obsessiva pelo poder e pelas benesses que este promove, sua movimentação revela nitidamente que tudo fará para ter o Executivo sob seu controle, direta ou indiretamente nos próximos quatro anos.

Além desse personagem, há outro, cujo comportamento, até agora, é marcado pelo seu tom enigmático e aparentemente indecifrável. Trata-se do vereador e presidente da Câmara, Paulo Sasaki (PTB), tido e havido como fiel companheiro de Fábio Bello, mas que se apresenta em outdoors, mesmo o do Dia das Mães, ao lado do presidente da Cetril, Nélio Leite, sugerindo uma cumplicidade política. Leite tem dito em conversas particulares que não fará nenhum pacto com Bello, mas seus comentadores não levam a sério, até por razões históricas, a sua fala.

No entanto, salvo melhor juízo, Sasaki aparenta, segundo alguns observadores, não ter aquilo que os franceses chamam de physique du role, ou seja, o traçado ideal para o comando do Executivo. Nada impede, no entanto, que possa mostrar o contrário, pois o mundo da política é [desculpe o clichê] “uma caixinha de surpresas”.

Isto posto, emerge, toma corpo, uma frente oposicionista relacionada tanto a Bello quanto a Sasaki, avaliado como vincular ao primeiro, que visa efetivamente dar “um basta” ao continuísmo governista que só faz manter igual a mesma coisa, repetindo processos e hábitos que “detêm” o progresso de Ibiúna e seu necessário arejamento político.

Há uma ideia em curso – e ouvimos isso de diversas pessoas desejosas de que ocorra uma mudança – que quanto maior for o número de candidatos ‘oposicionistas’ melhor para a situação, isso do ponto de vista da aritmética. O raciocínio é simples: quem tiver a maior composição de votos individuais levará a vantagem com a distribuição parcelada de votos para diversos. Mas essa teoria não está isenta de surpresas, como houve na eleição do coronel Darcy Pereira em 2008.

Nos próximos dias haverá uma decisão pactuada entre os quatro pré-candidatos declarados que integram a frente (por ordem alfabética): Carlos Marques Jr. (PSB), Eduardo Anselmo (PP), João Mello (PSD) e Valdemar Cardoso de Moraes (Solidariedade) O grupo estabeleceu um critério, em princípio aceito por todos os participantes.

Em paralelo, há pré-candidaturas cujos personagens utilizam argumentos similares em relação ao comando do Executivo Ibiunense, no sentido de que “mudar é preciso e no dia 2 de outubro”. Aí se incluem (por ordem alfabética) Eliseu Dias (PRB), Iuquim Elias Filho (Psol) e Leandro David Godinho (PSDB), mas nada impede que surjam outros nomes ainda em estado hibernal. Neste momento, não se enxergam sinais de uma possível aliança entre esses partidos e os da frente oposicionista, como se supõe seria uma forma de fortalecer e ampliar os resultados do esforço competitivo. Mas não é impossível que isso venha a acontecer.

Não custa repetir que a principal referência para tomadas de decisões nessas horas são as informações refletidas nas pesquisas de preferências eleitorais que, em Ibiúna, têm dois cenários com perfis eleitorais distintos: os eleitores urbanos (40%) e os rurais (60%).  (Carlos Rossini)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.