JATO FAZ MAGNÍFICO RISCO BRANCO NO CÉU AZUL DE IBIÚNA
Será que nós, ibiunenses, temos problema identitário que precisa ser considerado com mais atenção e profundidade para podermos despertar novos tempos, que preveem a manifestação da vontade popular nas urnas no dia 2 de outubro? Se houver fundamento nessa dúvida, então outra questão deve se apresentar: quem somos nós?
Essa pergunta abre as portas para que entrem em cena outras três: o que pensamos sobre nós? O que deveríamos pensar sobre nós? E, finalmente, o que gostaríamos de pensar quem somos?
Se de fato isso acontece, então é preciso avisar que uma população sem identidade social mínima carece de um centro de referência para realizar condutas coletivas. Esse fenômeno nos divide e nos separa, impedindo que nos juntemos – como seres coletivos – para defender nossos interesses legítimos, como contar com bons serviços na área da saúde, de estradas confortáveis e seguras, assim como de transporte público que respeite nossas necessidades de locomoção e não as da empresa contratada para prestar esse serviço, mas dos seus usuários, os munícipe ibiunenses.
Essa ideia é válida no que se refere à segurança, que inclui a iluminação de nossas estradas, já que a escuridão nos torna reféns de toda sorte de problemas, como tropeçar, cair num buraco ou, o que é pior, sermos assaltados.
A fragmentação de nossa personalidade social promove o medo e distancia umas pessoas das outras – a quem a divisão pode interessar? Talvez como reflexo direto desse ambiente, um clube de serviço instalado em Ibiúna – Lions – não vingou, demonstrando, de alguma forma, que temos que iniciar novas práticas de sociabilidade que permitem o estabelecimento de níveis mais elevados de confiabilidade mútua, um produto da comunicação em fluxo.
Mas, tudo isso não passará de utopia, se continuarmos a não saber quem somos e construir um fio para costurar nossa história comum. Parece, portanto, essencial que se criem novos espaços com o propósito de estimular atrativos naturais, como manifestações artísticas, eventos socioculturais, movimentos de solidariedade, etc.
Talvez seja preciso que olhemos no espelho, não como indivíduos isolados, mas como entidade coletiva e nos darmos as mãos e dançar a vida, como se viam nas antigas comunidades em que tudo era compartilhado por todos de modo igualitário e solidário. Quando não sabemos quem somos, temos dificuldade de agir no e com o mundo.
Faz poucos dias, sob o fundo azul maravilhoso de uma tarde invernal, um jato em altura de cruzeiro riscou o céu de Ibiúna com o calor de suas turbinas, deixando atrás de si um traçado magnífico, visto na foto que ilustra este texto, que precisa ser vista com uma singela legenda: “Céu dos ibiunenses.” (Léo Pinheiro)