EM TEMPO DE “PÓS-VERDADE”, MOBILIZADORES DE COMUNIDADE PODEM FAZER A DIFERENÇA NAS REDES SOCIAIS
Nunca antes na história da humanidade houve tanta facilidade para a comunicação entre as pessoas ou instituições. Jamais ocorrera essa possibilidade de, manipulando um aparelho telefônico celular, transmitir imagens e sons ao vivo, enviar recados por signos escritos ou verbalizados. A Internet é uma invenção tecnológica tão genial quanto transformadora radical da realidade e dos próprios seres humanos.
De fato, o mundo se transformou numa “aldeia global” em que o tempo da instantaneidade, da rapidez vertiginosa, está a exigir uma aceleração incrível em nossa forma de pensar e de agir, ao mesmo tempo em que o público e o privado se misturam como frutas trituradas pelas lâminas afiadas de um liquidificador.
Isso tudo, no entanto, não significa que os indivíduos estejam ficando melhores, mais humanos e fraternos entre si. Os fatos dão mostras diárias de que, ao invés, viver está cada vez mais perigoso e nem importa se numa pequena cidade interiorana ou em grandes metrópoles ou nos cenários de guerra e de terror sanguinário, em que a vida vale menos do que uma pistola automática ou de um caminhão que é lançado contra multidões impiedosamente.
Se os meios de comunicação evoluíram como nunca, o que explica o estranho comportamento humano como protagonista de mortes impiedosas e violentas. Existem múltiplas causas para esse fenômeno de degradação: a miséria, o fanatismo, a ambição desmedida, a competição por tentativas extremas de sobrevivência, os estados nacionais, as incompetências dos líderes e governos, a corrupção, e a insanidade que todos esses fatores produzem ou que são por ela produzidos.
De um ponto de vista dialético, algo em favor da vida deverá estar ocorrendo nos alicerces desse admirável mundo novo. Se considerarmos que os genes, assim como o cérebro humano, buscam a todo preço continuar a viver, soluções ainda ocultas poderão se fazer presentes no desenrolar do tempo. E o horizonte dessa perspectiva ainda não se pode observar ainda com clareza.
Como será o mundo, por exemplo, com Donald Trump na presidência da nação mais poderosa da terra? Uma verificação de longo termo no plano da História revela que, de tempos em tempos, surgem, saídos sabe-se lá de onde, personagens que obnubilam Eros em favor de Thanatos. Traduzindo: provocam mais destruição da vida humana e do planeta do que as dignificam e valorizam. Roguemos que isso não aconteça!
Voltando à trilha que abrimos acima, essa monumental ferramenta dada aos homens em favor da comunicação parece ter pego todos de surpresa e, por isso mesmo, está sendo usada, muito frequentemente, por pessoas com grau de maturidade infantilizado e irresponsável, para não citar a linguagem chula que pontua violações à beleza natural das palavras, quando utilizadas corretamente.
Pois bem: já estamos vivendo a era da “pós-verdade”, em que a difusão de notícias falsas ganha cada vez mais corpo nas telas de miríades de aparelhos. Não se trata apenas de falsidade, mas de maldade e crueldade que umas pessoas assacam contra outras num descaramento próprio da ignorância. “Perdoai, eles não sabem o que fazem!” Essa frase vem de mais de dois mil anos atrás e testemunha com precisão veraz o que se vê por toda a parte nos dias atuais.
Também ganha corporeidade, isso, sim, supostamente uma saudável reação algo que se constitui na figura dos “mobilizadores de comunidade”, uma forma avançada e sensata de fazer bom uso do milagre da comunicação nas redes sociais. Esses personagens parecem prometer contribuir com o fornecimento de água cristalina para remover a sujidade que provoca borrões abomináveis nas telinhas dos celulares.
Os mobilizadores comunitários surgem na forma de um conserto de rota, tornando social e culturalmente um instrumento que pode se transformar numa base evolucionária humana. Há grupos conscientemente já constituídos tendo, entre outros propósitos, funcionar como rede de segurança mútua em ruas ou bairros inteiros. Isso pode inibir ou frustrar assaltos ou violência por partes de agentes policiais, sobretudo à noite, ou mobilizar recursos para um atendimento médico e inúmeras outras ações de solidariedade.
Para fechar, é preciso dizer que o caos precede a ordem e vice-versa, e isso faz parte da nossa história. Tenhamos fé, como certa crença, que estamos nos aproximando do umbral de uma nova Idade do Outro. Que assim seja!
Carlos Rossini, autor deste artigo, é editor de vitrine online.