ENSAIO – AMOR PELA VERDADE PODE REVELAR A PUREZA DE IBIÚNA

ouro puro

O rei Hierão, de Siracusa, uma das mais belas cidades gregas na Antiguidade [localiza-se na região da Secília, na Itália], queria saber se uma coroa que havia encomendado a um ourives era de ouro puro ou se teria algum outro material de qualidade inferior em sua composição. Chamou um matemático de nome Arquimedes e pediu a ele para resolver o problema. Essa história ocorreu há cerca de dois mil e duzentos anos.

Arquimedes sabia que para resolver esse desafio deveria determinar a densidade da coroa e compará-la com a densidade do ouro. Como medir o volume da coroa sem derretê-la? – se perguntou.

A solução brotou de um ato relativamente banal. Arquimedes entrou numa banheira com água e observou que o nível da água subia quando ele entrava. Percebeu, então, que para medir o volume da coroa bastava mergulhar a coroa em água e calcular o volume de água deslocado, que deveria ser equivalente.

Eufórico com o resultado, Arquimedes teria saído nu, correndo pelas ruas e gritando eufórico: “Eureka! Eureka!” (Achei! Achei!). Esse fato ficou conhecido como “Princípio de Arquimedes”.

Hoje, num momento de grandes mudanças, Arquimedes seria bem-vindo a Ibiúna para nos ajudar a descobrir a pureza do município, tanto de sua população quanto de sua natureza exuberante. Digamos que mergulhasse nas águas das represa Itupararanga e, ao emergir, nos desse a resposta para essa questão tão necessária.

Podemos imaginar que ele gritasse de novo: “Eureka! Eureka”. E nos revelasse que uma cidade pura é como ouro puro e que isso se consegue basicamente com o amor que os cidadãos nutrem por ela honestamente e o praticam todos os dias em forma de respeito, gratidão, gentileza, solidariedade, com a mente limpa de impurezas como rancor, raiva, inveja, ignorância.

As dificuldades existem sim e não podem ser ignoradas, mas elas não podem ser superadas por sentimentos negativos e miseráveis, ofensas e maldades, egoísmo e intolerância.

Transformá-la em ouro significa torná-la um lugar sagrado como o lar de milhares de pessoas que carregam seus sonhos plantando e colhendo na roça, trabalhando na cidade, aprendendo e ensinando nas escolas, prestando serviços profissionais ou benemerentes em relação principalmente às crianças e idosos, aos mais carentes e necessitados de apoio, abrindo novas oportunidades de trabalho e de lazer, transmitindo confiança com atitudes verdadeiras, razoáveis e humanas.

Ainda que isso possa parecer aos céticos e descrentes uma utopia romântica, sugiro que acompanhem os desejos ocultos e manifestos de centenas de pessoas que, em Ibiúna, participam de grupos sociais na Internet e querem exatamente isso: um lugar melhor para se viver.

E isso é possível se cada um fizer sua parte, sem esperar por uma ordem de quem quer que seja, como cidadão maduro, responsável e consciente dos reflexos que pode causar sendo bom, belo e verdadeiro com as outras pessoas. Em suma, tudo o que foi escrito pode ser sintetizado numa frase singela: se aprendermos a amar a verdade teremos uma oportunidade de sermos livres e felizes.  (C.R.)

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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