ENSAIO – DESEMPREGOFOBIA ATINGE MILHÕES DE BRASILEIROS COM EFEITOS SOCIAIS DEVASTADORES

BRASILEIROS

Enquanto parece que o festim particular das autoridades políticas brasileiras insensatas e corruptas não tem fim, o drama de mais doze milhões de patrícios segue como uma das maiores catástrofes sociais da história do país.

O impacto causado pela perda do emprego é uma das mais devastadoras experiências humanas, do ponto de vista físico e mental, relacionadas com o sentimento de fracasso e de rejeição. No mundo, numa breve pesquisa que fizemos, o desemprego é apontado como causa de 20% dos suicídios.

As pessoas desempregadas se sentem impotentes, abandonadas, inseguras por não poderem prover as necessidades de seus familiares, vergonha da própria situação e uma variedade de sentimentos depressivos que tiram o sono e a potência, incluindo a sexual.

Ainda que existam tratamento para quase todas as fobias (medos), se a pessoa não conseguir emprego ela continuará com a causa de seu sofrimento em aberto e os remédios e terapias empregados talvez sejam apenas paliativos, ainda que importantes para afastar os demônios que torturam a mente dos desempregados.

Vivemos um tempo em que a imoralidade ou amoralidade impera soberana, conferindo uma falta quase absoluta de credibilidade nas autoridades governamentais. Nesse cenário não param de emergir escândalos contínuos, o da vez é o da “Carne Fraca”, que incrimina os maiores, médios e pequenos frigoríficos instalado no Brasil. Inescrupulosos, de acordo com as suspeitas aventadas pela Polícia Federal, vendem doenças em vez de alimentos.

Os fiscais da vigilância sanitária que deveriam aprovar ou vetar esses produtos para consumo já foram garfados sob acusação de receberem propinas e integrarem uma quadrilha que envolve muitos interesses de graúdos que se habituaram a práticas indecorosas, no mais deslavados desrespeito aos direitos dos consumidores.

Dez escândalos já catalogados nos crimes cometidos por “colarinhos brancos” – “Mensalão”, Operação Sanguessuga, Sudam, Operação Navalha, Anões do Orçamento, TRT/SP, Banco Marka, Vampiros da Saúde, Banestado, Privataria Tucana – sem contar com a Lava-Jato, cujo processo está em curso –, de acordo com dados da revista Veja, provocaram um rombo de R$ 100 bilhões ao Brasil.

Nada disso é o bastante: o desemprego aumenta, a renda continua concentrada, os preços dos produtos riem diante da queda de poder aquisitivo da população, doenças variadas fogem do controle e fazem suas vítimas, a saúde pública parece a de um país em guerra, os medicamentos consomem a renda, especialmente dos aposentados.

E os brasileiros que sonhavam com a aposentadoria passaram a sofrer de temerfobia, o medo de verem seus sonhos se desfazerem como nuvem soprada pela turbina de um governo insosso, que patina na lama produzida por incompetências política e administrativa. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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