A MONSTRUOSA TURTURA PRATICADA NA TESTA DE UM ADOLESCENTE DE 17 ANOS SANGRA A CONSCIÊNCIA HUMANA
Confesso que não assistirei ao vídeo feito por dois idiotas enquanto escarneciam a testa de um adolescente de 17 anos no município de São Bernardo do Campo, de modo impiedoso. Um tatuador e um pedreiro, respectivamente Maycon Wesley Carvalho dos Reis, 19, e Ronildo Moreira de Araujo, 29, pegaram o adolescente à força, o levaram para o interior de uma pensão onde estavam hospedados, o amarraram e escreveram em sua testa: “eu sou ladrão e vacilão”, rasgando a pele com um aparelho de tatuagem.
A dor que impuseram em um menino por suspeitarem que ele tinha a intenção de roubar a bicicleta de um outro morador na pensão, Admilson de Oliveira, 3l, deficiente físico, extrapola a compreensão humana do fato acontecido. O menino suplicava para que não fizessem aquilo em sua testa, mas no braço ou na perna. Mas a dupla de selvagens parece que sentia prazer em submeter o menino a um terror insuportável.
Que fique claro: o adolescente não praticou nenhum crime, não roubou a bicicleta. Aliás, o dono da bicicleta, Admilson de Oliveira, disse que depois de ver as cenas no vídeo não conseguiu nem dormir e comer. Afirmou que foi injusto o que fizeram com o menino.
O adolescente – é bom frisar tem problemas mentais, é viciado em drogas e se tratava no Caps – filho de uma família paupérrima. Depois que viu sua testa sentiu vontade de morrer de tanta vergonha. Desapareceu de casa, até ser encontrado por amigos.
Os dois crápulas foram presos e tiveram sua prisão preventiva decretada pela juíza Inês Del Cidi, da Vara Criminal de São Bernardo do Campo. A repercussão do ato que cometeram ultrapassou as fronteiras do Brasil e, talvez, por isso disseram-se arrependidos. Isso, no entanto, não os livra do crime que cometeram provocando lesão corporal gravíssima em um menino, sem que este tivesse a mínima chance de defesa.
É oportuno dizer que o adolescente não cometeu crime algum, até mesmo os policiais da Delegacia de Polícia de São Bernardo do Campo observaram esse fato. E mesmo que tivesse furtado a bicicleta jamais poderia ser submetido a essa forma doentia de “justiçamento”. Para isso existe a polícia e a Justiça que regulam os comportamentos contrários às regras da sociedade.
O único, crime, para aqueles que formulando opiniões superficiais e ridiculamente de senso comum manifestaram diversas formas de ironias contra a figura estereotipada do “menor delinquente” (não é o caso do menino) foi praticado pelos torturadores, um dos quais, se descobriu hoje já esteve preso por roubo.
A única boa notícia nesse circo de horrores diz respeito à decisão da prefeitura de São Bernardo do Campo que, em parceria com a Faculdade de Medicina do ABC, disponibilizará todo o procedimento médico e cirúrgico para a remoção da tatuagem grotesca feita sob tortura em um adolescente.
Nada, no entanto, vai reparar os momentos de extrema solidão e dor passada pelo menino enquanto estava subjugado por uma dupla que resolveu tomar para si, talvez se achando o máximo, punir um menino por algo que não fez. O gênero humano deveria se envergonhar e guardar na memória a injustiça explícita cometida na região metropolitana de uma das maiores cidade do mundo. (Carlos Rossini, editor de vitrine online)