PÚBLICO LOTA AUDITÓRIO MUNICIPAL E APLAUDE APRESENTAÇÃO DE “HAIR” DE PÉ
A apresentação de “Hair” – um canto de amor interpretado pelo elenco da Esquina da Arte no auditório municipal na noite deste sábado (17) foi um acontecimento impecável. A representação da peça, rock musical, e a reação do público que lotou o espaço, numa noite friazinha, foi aquecida pelo entusiasmo, muitos aplausos e risos, e uma energia própria da juventude de fazer ouvir sua voz pelo canto, pelo grito, pela dança, pela forma exemplar de viver a liberdade e o amor de forma plena e feliz.
Vitrine online esteve presente e pôde testemunhar o resultado espetacular de um ano de trabalho de oficina na Esquina da Arte com jovens atores e atrizes ibiunenses [dois são de Mairinque) feito por Rita Gutt, atriz, cantora e diretora da peça, com direção musical de Juliano Rodrigues.
O elenco formado por Valdir Stevan, Chay Queiroz, Lucas Bebiano, Gabriel von Gerhardt, Sabrine Maria, Bel Araújo, Giovani Martins, Di Amanacy, Natali Aparecida, Elisa Rossi, Laryssa Medelo, Will Mota, Danny Marques, Rafaela Yasmin, Luciana Caldas, Weeh Oliveira, Rafaela Campos e Gabriel Lima mostrou que está a um passo do teatro profissional ou mesmo já nesta condição com um potencial artístico inegável.
Essa mesma troupe vai representar Ibiúna no XVII Festival de Artes Cênicas de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, um dos mais importantes festivais de teatro amador do Brasil e, se depender do entusiasmo como se apresentaram, podem surpreender. E torcemos por isso!
NOVA YORK 1967, IBIÚNA 2017
Mas, afinal, que razão levaria um grupo de jovens ibiunenses protagonizar uma peça que foi encenada pela primeira vez em Nova York em outubro de 1967, exatamente há cinquenta anos? Estariam intuitivamente buscando mostrar uma realidade conservadora e limitadora que precisa ser percebida e ultrapassada?
Sabemos que, quando se trata de arte, o tempo pode não contar e sim a essência do momento histórico, dos sentimentos humanos vigentes. A peça escrita por James Rado e Gerome Ragni e musicado por Galtmac Dermot, nasceu do movimento da contracultura hippie, de libertação e contestação nos Estados Unidos em guerra com o Vietnã.
“Hair” conta a história da “tribo” de hippies cabeludos, que leva uma vida boemia em Nova York e luta contra o alistamento militar para o Vietnã. Claude (Giovani Martins), o único que vai, é morto e faz parte da cena final da peça e, aponta, sinteticamente, para a indagação se há de fato algo razoável um jovem ir morrer a milhares de quilômetros de sua rua por uma guerra absurda, em torno de uma ideologia da dominação e controle do mundo.
E atualmente, como vivem os jovens brasileiros em um país naufragado por políticos corruptos, com um mercado de trabalho restrito e altamente competitivo, com tanto desemprego e o futuro de incertezas. É, está certo, paz e amor ainda é uma receita de bem viver.
ERA DO AQUÁRIO
Cantava-se então a Era de Aquário, que ainda não se sabe se começou ou já está vindo de forma lenta mas irreversível, um novo tempo em que o homem se transforma do ter, do obedecer, para o ser, porque se trata da era da liberdade e do amor de uma nova era cósmica. O Sol deixa a Era de Peixe e se aproxima da constelação de estrelas de Aquário. A peça dá boas vindas musicais à nova era.
Nada então será como antes. As pessoas, a sociedade e a consciência da humanidade mudam rapidamente. Normas e valores se dissolvem, hierarquias e estruturas autoritárias entram em colapso, a ilusão é desmascarada, e as realidades mais sutis são percebidas cada vez mais conscientemente. “Desde o início do século XX, sobretudo a partir do final da década de 60, esse processo aumentou. O esoterismo atribui essas grandes mudanças ao signo de Aquário, que envia impulsos espirituais à humanidade.”
“Hair” teve sua primeira apresentação no The Public Theater, onde ficou por 45 dias em cartaz. Estreou na Broadway no dia 29 de abril de 1968 onde fez 1.750 apresentações e aí migrou para todo o mundo. No Brasil, sua primeira apresentação se deu em 1969, tendo no elenco Ney Latorraca, Antonio Fagundes e Sônia Braga. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)