PÁSCOA É UM TEMPO PARA VOCÊ “RENASCER” EM UMA NOVA VIDA

As pessoas singulares precisam aprender a andar, a falar, a desenvolver habilidades, para viverem em sociedade.

Embora raramente percebam, há dentro delas uma escala oculta de necessidades que buscam satisfazer na seguinte ordem: fisiológicas, segurança, social, estima e autorrealização.

A não satisfação de uma dessas necessidades impede ou dificulta a passagem para a seguinte. Exemplo: uma pessoa que não se alimenta já está em condição de insegurança. Seu organismo enfraquece, e dependendo do tempo de inanição, pode colapsar.

Outro exemplo: as pessoas que não se sentem reconhecidas e estimadas, em casa, na escola, no trabalho, não conseguem visualizar seu potencial de autorrealização. Sua autoestima esboroa. A autorrealização se encontra no pico da pirâmide das necessidades e significa preencher necessidades elevadas como ganhar um Oscar, ser reconhecido publicamente, ter ótima avaliação popular no caso de um governante, escrever um livro, pintar um quadro, compor música ou realizar um feito extraordinário ou heroico compartilhado pela sociedade.

Sendo singulares desde sua origem, as pessoas desenvolvem características peculiares, a maioria delas inconscientes, o que resulta num mapa humano heterogênio que traduz uma situação dialética: de um lado o princípio do prazer e de outro a realidade [os limites sociais, morais à liberdade radical].

Essa é uma das razões pelas quais a sociedade humana criou as organizações religiosas, governamentais, educacionais, militares, econômicas [elas impõem limites, ordem e controle]. Embora essas organizações sejam falham, cegas ou injustas, elas estabelecem um certo padrão de conduta para cada situação.

Na superfície de grande caldo cultural, as pessoas flutuam como rolhas dependentes dos movimentos da substância líquida em banho maria ou na fervura. Resumindo a ópera, poucos conseguem despertar e entender o mundo em que vivem. A maioria se resigna, outra parcela desobedece as regras, outra ainda se identifica com o caldo.

Há três possibilidades de condutas: vegetativa, inovadora e inventora. Isto é, o indivíduo, mesmo que não saiba, tem alternativas. Vegetativo é aquele que faz pouca ou nenhuma diferença no mundo. O inovador é aquele que, pela fortuna ou intuição, consegue contribuir para a melhoria da sociedade. O inventor é aquele que faz coisas que mudam o mundo. Este é mais raro, mas o que faz a diferença em relação à mudança de hábitos às vezes imprescindível para superar situações indesejáveis.

Nossa mente habitual só consegue ver o que está preparada para ver. Mas, felizmente, isso pode mudar e se faz pela obtenção de novos conhecimentos e experiências que englobem simultaneamente o corpo e a mente. Em outras palavras: o corpo físico e o corpo simbólico.

A neurociência descobriu que o cérebro é dotado de alta plasticidade. Portanto, toda pessoa pode ser melhor ou diferente do que é, se tiver a mente aberta, abrangente e flexível. Frequentemente, tem-se que dar uma oportunidade para que a pessoa viva diretamente essa experiência de descobrir sua potencialidade. Ao descobrir (na experiência viva, solo ou em grupo) que tem uma mente capaz de pensar, de sentir, de falar por conta própria, autônoma, e agir de modo consciente e responsável está aberto o caminho para a mudança e absorção de novos valores de auto-orientação no mundo. Feliz Páscoa. Feliz renascimento. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.