EXCLUSIVO – PEDIATRA DO HOSPITAL MUNICIPAL DE IBIÚNA SOFRE VIOLENTA AGRESSÃO DE MÃE DE PACIENTE

A médica pediatra Mariana Hermida Sagava, 31, mãe de duas gêmeas, foi agredida, com ofensas verbais, tapas no rosto e aperto no pescoço, por volta das 4 horas deste domingo, por Kelly Cristina Gomes de Camargo, mãe do paciente João Henriky de Camargo da Cruz, 9, que estava sendo atendido pela médica do Pronto Socorro Infantil do Hospital Municipal de Ibiúna.

O boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Ibiúna registrou o fato como lesão corporal e desacato e requereu exame de corpo de delito de ambas as mulheres. Pelo menos duas gravações registraram ofensas verbais graves dirigidas pela agressora à médica.

O recepcionista do PSI, Anthony Pinheiro D’Arcangeli, fez depoimento na condição de testemunha direta do episódio. Ele agiu no sentido de conter as agressões físicas contra a pediatra, que foi pega de surpresa quando havia deixado sua sala e estava se dirigindo para a sala da medicação, onde Kelly gritava que a médica “quase matou o meu filho”.

De tamanho avantajado em relação ao da médica, esta foi segurada pela gola por uma das mãos da agressora e usava a outra para esbofeteá-la, de acordo com o relato da vítima.

[Desde o momento do acontecido, a médica vem recebendo inúmeras manifestação de solidariedade de seus colegas de trabalho e mães de pacientes, que enaltecem seu trabalho.]

Esse episódio foi precedido de outro. No dia 12 de setembro, o menino já havia sido atendido pela mesma pediatra, quando houve um forte desentendimento entre ambas. Kelly discordou do diagnóstico da médica e também da medicação prescrita. Em ambas as vezes o paciente se queixava de dores na barriga.

Nesta madrugada, a médica fez o atendimento normal e mandou medicar o menino, para combater vômito, mas logo em seguida, segundo a Dra. Mariana, Kelly passou a ofendê-la chamando-a de vários nomes chulos e ofensivos, dizendo que “Mariana quase havia matado seu filho, tendo lhe administrado 10 gotas de Berotec”. A médica disse à vitrine online que essa “medicação nunca foi utilizada no paciente João Henriky”. O menino foi, então, encaminhado para outro médico, um clínico-geral, avaliar o seu quadro e ele deixou um depoimento escrito praticamente sustentando a mesma avaliação de sua colega. “Como se vê o menino está vivo”, declarou a médica, ressalvando, no entanto, que solicitou exame toxicológico [os resultados demoram ainda pelo menos quinze dias], uma vez que no exame do sangue apareceu grande alteração causada por uma substância desconhecida, “provocando aceleração em seu batimento cardíaco”.

VEREADOR EM CENA

Dra. Mariana declarou a vitrine online que o vereador Charles Guimarães (PSL), oposicionista ao atual prefeito, foi até o hospital e teria dito a ela que “se fosse por ele, ela não estaria mais lá”. O parlamentar ibiunense compareceu também na delegacia ao lado do seu advogado, Antonio Carlos de Moraes, que, segundo a médica, teria pedido para “refazer o boletim de ocorrência três vezes”. Oficialmente, no entanto, o vereador não compareceu à delegacia.

Em seu depoimento, o recepcionista do PSI, Anthony D’Arcangelo, informou que Guimarães tirou uma foto do seu crachá e que pretendia provar que ele agrediu Kelly quando tentou evitar a agressão. O vereador teria apontado o dedo para o rosto dele e dito que nesta cidade “faz o que quer”.

NEGOU AGRESSÕES

Entrevistada por telefone nesta tarde de domingo, Kelly Cristina negou ter agredido a médica, que eventuais marcas podem ter sido produzidas “pela própria médica”, para incriminá-la. Disse que no hospital há “uma panelinha” e que, agora, todos estarão contra ela. Por outro lado, admitiu que teve uma reação emocional na hora e “que os pobres precisam ser melhor tratados e com respeito”. Acrescentou assinalando que “faria tudo de novo” para defender a vida do seu filho. Por fim, disse que vai esperar mudança de plantão para levá-lo para ser atendido por outro médico.

Devido à repercussão do fato, a Dra. Mariana foi convidada e aceitou participar do programa “Cara a Cara com o jornalista Carlos Rossini”, transmitido pela TVNG, nesta segunda-feira. Kelly também foi convidada, mas não confirmou presença até o início desta postagem. (Carlos Rossini)

 

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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