VITRINE DOCUMENTA [PARTE 2] – DOIS TIPOS DE POLUIÇÃO AFETAM A REPRESA ITUPARARANGA

Nesta segunda parte da série de matérias sobre a poluição das águas da represa de Itupararanga, que é um dos maiores patrimônios hídricos do município de Ibiúna e Região – exigindo tanto a prática de políticas públicas efetivas quanto a consciência e responsabilidade da população não apenas de Ibiúna mas de toda a região – Dr. André faz revelações da maior importância. Veja seus comentários, quando perguntado: o principal inimigo da represa é o esgoto?

“Na verdade, são dois problemas: poluição pontual e a difusa. A pontual é principalmente esgoto humano das áreas urbanas. Ibiúna trata um pouco de do seu esgoto da região urbana, só que a região urbana de Ibiúna é pequena em comparação com a população do município, cuja maior parte está na parte rural e na área rural. A área rural de Ibiúna tem pouquíssimo sistema de tratamento de esgoto.

Vargem Grande Paulista, que está inteiramente dentro da bacia não trata nada do seu esgoto. Acabou de inaugurar uma estação de tratamento, mas é muito simplificada e ela tem problema de chegar o esgoto, isto é, tem a estação mas não tem rede que leva o esgoto até a estação.

O esgoto do bairro Caucaia do Alto, de Cotia, que também desce para a represa, sem tratamento de esgoto, vai tudo in natura. Então, há uma população grande nesses três municípios, mais São Roque, cujo esgoto vai para os rios formadores da represa e isso aumenta muito a quantidade de nutrientes. Parte do esgoto de São Roque é despejado no rio Tietê e parte segue para a represa de Itupararanga.

A outra poluição nós chamamos de poluição difusa. É aquela que a chuva leva resíduos para a represa através de lavagem dos rios e das áreas de agricultura e das áreas das florestas. Essa poluição difusa é normalmente controlada quanto há mata ciliar. O problema da represa é que os rios formadores da represa quase não têm mata ciliar e têm áreas de agricultura que normalmente têm muitos nutrientes, nitrogênio e fósforo, então no período de chuvas esse material desce para a represa e aumenta a eutrofização.

Então são dois problemas. Um é o tratamento de esgoto e o outro é a poluição difusa que vem das áreas da agricultura. Os dois têm solução. Existem vários métodos para isso, alguns muito eficientes. Só que exigem investimentos, construção de estação de tratamento de esgoto, implantação de redes, que às vezes é o maior problema, seja para captar o esgoto nas casas das pessoas e transportá-lo até a estação de tratamento. É preciso fazer essas duas coisas. Isso é mais difícil quando a população está dispersa, não tá aglomerada em um único lugar como é o caso de Ibiúna. Mas também existem ferramentas tecnológicas para resolver pequenos grupos de populações isoladas. Não é um problema tecnológico, é um problema financeiro. É necessário realmente investir nessas iniciativas, considerando a importância decisiva tanto para a saúde humana quanto do meio ambiente.” (Carlos Rossini)

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A MISSÃO DE SALVAR A REPRESA DE ITUPARARANGA É DE TODOS NÓS!

Esta série de matérias a respeito da represa Itupararanga foi baseada em depoimentos colhidos pela revista vitrine online do biólogo André Cordeiro Alves dos Santos (foto), especialista que mais conhece a qualidade das águas da represa, que pesquisa há dez anos. Ele é professor de microbiologia ambiental e recursos hídricos da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), campus Sorocaba, e coordenador da Câmara de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos do Comitê de Bacias do Rio Sorocaba e Médio Tietê. Seu diagnóstico atual é sombrio: a qualidade das águas piora a cada ano, contaminada por esgoto in natura, que recebe dos rios que são seus formadores, e dos agrotóxicos que escorrem das plantações para os rios ou diretamente em suas margens.Com 2.723 hectares de área (27 milhões de m2), a represa Itupararanga abastece os municípios de Sorocaba, Votorantim, Ibiúna, São Roque e Alumínio. A maior parte de sua extensão se encontra no município de Ibiúna. As águas da represa também são utilizadas para geração de energia na usina hidrelétrica da Companhia Brasileira de Alumínio, pertencente ao Grupo Votorantim, localizada na cidade de Alumínio.

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Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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