REAIS OU IMAGINÁRIOS – VOCÊ TEM MEDO DO QUÊ?
Vai de A a Z a relação de fobias (medos) dos seres humanos. Esse assunto envolve sentimentos e sensações que às vezes incapacitam as pessoas para a realização de suas tarefas cotidianas.
Quem já sofreu um ataque de pânico, um medo que surge de modo repentino, assustador e sem motivo determinado, sabe o desespero que ele provoca.
O Dr. Taki Athanassios Cordas, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, disse certa vez que a síndrome do Pânico pode ser leve, moderada ou extrema. Neste último caso, a situação do indivíduo é realmente crítica. Suas reações chegam a ser dramáticas, como abandonar o carro que dirige no meio da rua e sair em busca de ajuda imediata.
Nas palavras do psicólogo Luiz Gonzaga Leite, “o medo é uma reação emocional a um perigo real externo, enquanto a fobia [do grego phóbos = medo ou terror] é um medo irracional em relação a algo que não apresenta riscos iminentes. Essa reação é acompanhada de muita ansiedade”.
Define-se ansiedade como “um estado psíquico de apreensão ou medo provocado pela antecipação de uma situação desagradável ou perigosa”. A palavra “ansiedade” tem origem no latim anxietas, que significa “angústia”, que provoca uma sensação de “aperto”, “sufocação”.
É importante saber que esses sintomas são curáveis por meio de medicamentos prescritos por um psiquiatra e tratamento psicológico. A psicologia cognitiva é muito utilizada nesses casos com bons resultados. É bom saber também que se tratar com médico psiquiatra não significa que a pessoa seja louca como creem muitas pessoas.
Em seu livro intitulado Quatro Gigantes da Alma, o sociólogo e médico psiquiatra cubano Emílio Mira Y Lopes (1896-1964), criador do psicoteste muito aplicado no Brasil, onde ele viveu e morreu, dedica todo um capítulo ao medo, que nomeia “Gigante Negro”. Esta denominação, por si só, indica os danos que o medo provoca na vida das pessoas.
Mira Y Lopes adverte na mesma obra que existem medos/fobias tanto nos indivíduos quanto em populações inteiras, quando há uma guerra, um furacão, um terremoto, para citar três exemplos.
A título de ilustração o autor cita a existência de diversas espécies de fobias, “temores insensatos e patológicos”. Eis alguns: rupofobia = medo de contato; agorafobia = medo de grandes espaços; claustrofobia = medo de espaços fechados; tanatofobia = medo da morte; cinofobia = medo de cachorros, etc.
O propósito do médico cubano é mostrar que “a melhor profilaxia do medo consiste…em estimular a expansão e a afirmação do Eu, mediante a prática sistemática e gradativa de sua ação sobre o medo” e os fatores que geram fobias.
Em suma, ensina que é preciso agir, pois a ação é um antídoto contra os medos. E, nesse ponto, surge uma dúvida: “Como vencer o círculo vicioso do medo?”
“O médico diz ao paciente: “Aja para não ter medo e o fóbico responde: “Tenho medo de agir.
O remédio então consiste em convencer o medroso de que pode exercitar dentro de sua mente um “seguro plano interior de ação”, que, dando certo, possibilita que o indivíduo descubra uma nova forma de “ser no mundo”, ao conhecer a si mesmo e afastar os fantasmas que um dia se instalaram sem que fossem percebidos.
Um indivíduo [um bom tratamento psicológico pode identificar a causa do medo] que tem medo de vento [eolofóbico] tende a ficar dentro de casa e fechar portas e janelas, mesmo que se trate de um vento brando e não um furacão ou tornado.
De qualquer modo, vale repetir, é bom saber existem tratamentos eficazes para esses medos e fobias e que os sofrimentos que provocam podem ser superados na maioria dos casos.
Mas, afinal, é oportuno lembrar que o medo, como a dor, pode ser um aliado decisivo na vida das pessoas que vai sendo aprendida, pois ajudam a evitar perigosidades.
Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa, em Grande sertão: veredas, disse: “Viver é muito perigoso, porque ainda não se sabe e porque aprender a viver é que é o viver mesmo.” (Carlos Rossini é editor de vitrine online]