PARÓDIA TEATRAL DE “CINQUENTA TONS DE CINZA” FAZ IBIUNENSES RIREM OITENTA MINUTOS

Quando o filme “Cinquenta tons de cinza”, baseado no romance erótico best seller escrito pela inglesa Erika Leonard James, passou no Brasil em 2015 provocou ardentes frissons nas plateias, o mesmo acontecendo mundo afora.

A história é relativamente simples. Anastasia Steele, virgem de vinte e um anos, entrevista o jovem magnata Christian Grey, num favor a Kate sua colega de quarto na escola. Ela se sente atraída por Grey que, da mesma forma, se sente encantado por sua beleza. Apesar de ser sexualmente inexperiente, Anastasia descobre prazeres do sadomasoquismo, tornando-se submissa ao estranho Grey.

O diretor e ator Vitor Branco fez uma adaptação cômica do filme para o teatro intitulada “Quase cinquenta tons de cinza”. Uma paródia hiperdivertida, com oitenta minutos de duração. Branco interpreta Grey, enquanto a atriz Bruna Andrade personifica Anastasia.

Branco convidou especialmente o ator Wanderley Grilo, que também contracena com Anastasia, no papel de Floriano, ambos cúmplices num plano para arrancar grana do magnata. Este, no entanto, é um espertalhão que sabe disfarçar e conservar segura a sua fortuna.

A peça foi apresentada na noite do último sábado no Auditório Municipal Rui Barbosa, no centro de Ibiúna, para cerca de cento e cinquenta espectadores que desopilaram o fígado de tanto rir e gargalhar com as peripécias e também improvisos e acréscimos evocando figuras da política nacional, personagens e lugares de Ibiúna e região.

As citações inesperadas provocavam ainda mais risos pelo ritmo e identificação apresentadas num pequeno palco com um pano preto instalado na lateral para entradas e saídas de cena dos personagens, um sofá, uma mesa e um notebook e também uma pequena prateleira com brindes oferecidos por lojas locais ao auditório.

A peça já encenada em teatros na Capital e em diversas cidades do Interior já foi assistida por trezentas mil pessoas, estando em cartaz no País há três anos e meio. Em 2017, foi eleita a comédia mais engraçada do circuito paulista.

A ideia de satirizar a obra de Erika Leonard James surgiu quando a VB Produções, que já trabalhou com diversas comédias, soube que, nos Estados Unidos, um grupo de teatro teve muito sucesso ao apresentar uma sátira da obra. A peça se popularizou tanto que até a autora do romance foi a uma das apresentações e adorou.

Sabendo disso, entraram em contato com os dirigentes e distribuidores do filme no Brasil e, através deles, conseguiram autorização para apresentar o espetáculo.

Segundo o ator e divulgador da peça brasileira, Wanderlei Grilo, “tínhamos a opção de fazer um espetáculo fiel ao texto, porém, isso limitaria muito o público. Então, decidimos fazer uma comédia e deixar o texto mais leve e engraçado. Isso foi um desafio que concluímos com sucesso.”

Wanderlei Grillo é mestre de cerimônias, responsável por receber o público no início das apresentações, conversar com ele, passar as informações de segurança do teatro e introduzir a peça falando sobre relacionamentos e sobre o conteúdo do espetáculo. “O stand up que faço no início é ‘amarrado’ à comédia, como se um dos personagens da peça fizesse essa abertura de forma narrada. A Anastácia, uma das protagonistas, entra em cena no meio do stand up, o que ajuda a aquecer a plateia.” De fato a beleza e competência da atriz e seus trejeitos engraçados magnetizaram a atenção do público.

A peça se adapta a cada lugar onde é apresentada, ou seja, é como se, por exemplo, os personagens vivessem em Araçatuba. “Lugares, acontecimentos e pessoas da cidade são mencionados, o que é feito a fim de manter uma proximidade com o público e fazer com que ele se identifique e o riso fique mais solto, mais frouxo”, esclarece Grilo. Ele ainda explica que quem não assistiu ao filme e tampouco leu o livro também pode assistir à peça, porque, embora ela se inspire nessas obras, tudo é contado de forma que qualquer pessoa vai entender e se divertir.

A Prefeitura de Ibiúna cedeu o espaço para a apresentação do espetáculo. Parte da renda seria destinada ao Fundo Social de Solidariedade. O diretor de Cultura Municipal, Ronaldo Dias, também diretor e ator teatral, sentiu-se gratificado com a casa cheia, assim como os atores.

A interação entre os artistas e a plateia, depois de terminada a apresentação foi envolvida por um clima de simpatia, gentileza e congraçamento. Do lado de fora, as pessoas se mostravam uma leveza e um sorriso que só podem fazer bem ao coração. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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