PALAVRAS DE UM APRENDIZ DE FILOSOFIA DA MENTE

“Para morrer, basta estar vivo” é um ditado popular de uma lógica implacavelmente verdadeira, há zilhões de anos. Estar vivo é uma condição para morrer e isso acontece com todos os seres vivos. Já que a morte é certa, por que não deveríamos aprender a viver bem cada minuto do dia?

Já observou, claro, que há muitas adversidades no seu viver cotidiano. Não é tão fácil definir o viver. Viver é ter existência, ser, estar presente. Podemos imaginar que a vida é constituída de atos conscientes. Mas, será mesmo? Somos seres conscientes, percebemos nosso corpo, nossos pensamentos, nossos sentimentos?

Conseguimos explicar claramente aquilo que sentimos? Frequentemente, não. Por isso mesmo, estamos sujeitos a crises mentais. Porque você é dois: 1. Você é você; 2. Você é a consciência que você tem de você. Temos, em geral, muito pouca consciência de nós mesmos porque somos divididos.

A imensa diversidade de pensamentos e imagens que brotam em nossa mente de modo continuado nos impede de enxergamos quem somos. Pouco sabemos de nós mesmos. Por isso, tendemos a buscar fora de nós um consolo espiritual, uma orientação, algo que podemos obedecer como guia para não enlouquecermos de vez.

Vivemos tão distantes de nossa essência interior que não será exagero afirmar que somos estranhos para nós mesmos. Ah!, se não houvesse família e todos os outros com os quais nos relacionamos e até enchemos a cara para nos retirar, ainda que momentaneamente, da nossa inquietação interior.

Diante de um mundo onde viver é constantemente perigoso, e é assim desde os primórdios da história humana na Terra, é natural que sentimos a necessidade de procurar, procurar algo de que sentimos falta e, pior, não sabemos exatamente o que é.

Se entregar à rotina do dia a dia é também uma forma de se distanciar dos muitos medos que nos assolam de maneira fantasmagórica. Lembra-se se você tinha medo do escuro, de se sentir sozinho e abandonado, enquanto não ouvisse ou tivesse perto sua mãe? Desde esse tempo, você vem recebendo tantas informações, muitas delas paradoxais, com as quais você se identifica, mas que não são você originalmente? Quem é você? Já parou para pensar nisso?

Buda, há dois mil e quinhentos anos, entendeu que viver é sofrer e formulou uma doutrina milenar para superar o sofrimento, por meio da libertação das ilusões que nos enganam como as miragens do deserto. Ele, como Cristo, foi um vastíssimo exemplo de como atravessar o tormentosíssimo mar das aflições humanas, para ser ele mesmo.

Até que um dia, depois de tanto buscar sua essência, e enfrentar seus tormentos mentais decorrentes do sofrimento – miséria, doença, velhice e morte – conseguiu a Iluminação, significado da palavra buda. A partir de então passou a pregar seus ensinamentos para discípulos que hoje estão espalhados por todo o mundo. Terá atingido a perfeição possível aos humanos.

Viver, então, pode ser entendido como uma busca constante de ser melhor, o melhor de si mesmo, desde que consiga estabelecer um relacionamento com seu verdadeiro Eu, que tudo observa, mesmo que você não o perceba. Para que isso aconteça, precisa treinar todos os dias buscando conhecer-se, sem medo, corajosamente. Só você pode fazer isso. Se tiver um apoio, ótimo, siga em frente!

Viver como um modo de estar consciente das coisas que rolam em sua vida é essencial. A beleza de cada momento requer consciência livre. Somos diferentes uns dos outros. Por isso, cada experiência de ser consciente é única. Só você pode descobrir como ter uma vida melhor, com alegria, felicidade, amor por si e pelos outros. Assim, vale a pena viver e isso é possível se você, enfim, descobrir que é o único autor de sua própria trajetória pela Terra. Melhor: você tem o poder em si mesmo de se tornar um ser excelente, de modo simples e com autodeterminação. A todo instante você pode ser melhor do que é, libertando-se de tudo aquilo que o tem mantido prisioneiro e que não passa de uma película de ilusão que lhe foi induzida desde o começo de sua existência.

Érico Veríssimo, escritor gaúcho, certa vez escreveu: “Felicidade é a certeza de que nossa vida não está se passando inutilmente.” (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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