“VÁLVULA DE ESCAPE” – UM DISPOSITIVO ÚTIL PARA ESFRIAR SUA CABEÇA NUM MUNDO ABSURDO

Se a cabeça de uma pessoa fosse uma “panela de pressão” e tivesse um dispositivo de segurança, toda vez em que a “cabeça quente” chegasse ao ponto de “ebulição”, pronta para “explodir”, o dispositivo seria acionado automaticamente para protegê-la de um colapso fatal.

Como nem o mundo e tampouco nós, pessoas, somos perfeitos, estamos sujeitos a desgastes diários em nossa existência, nos âmbitos familiar, profissional, escolar, relações sociais.

Esses problemas, como um limpador de para-brisa que se solta na chuva, separação de casal, perda de emprego ou de um ente querido, falta de dinheiro, dívida, sentimento de solidão, briga entre vizinhos, são, por si sós, notoriamente estressantes.

Estresse [do inglês, stress] significa “pressão” [lembre-se da panela], “tensão” ou “insistência” de um problema preocupante. Trata-se de um conjunto de reações fisiológicas necessárias para nossa adaptação às situações.

O estresse é uma defesa natural que nos ajuda a sobreviver, porém se essas reações orgânicas e psíquicas forem persistentes e conforme sua intensidade podem provocar sérios desequilíbrios no organismo e produzir doenças físicas e mentais graves.

No caso de uma panela, um objeto, não um ser humano, quando sua temperatura se aproxima de 120º, a pressão interna empurra um pino que fica sobre a tampa que produz uma descarga da pressão. Caso não houvesse esse dispositivo, a panela seria uma bomba dentro da cozinha.

“VÁLVULA DE ESCAPE”

Embora sejamos semelhantes em nosso formato geral, cada pessoa é única, singular, em sua forma de ver o mundo e a si mesma. Ela carrega dentro de si uma história de vida, uma forma de pensar e de interpretar o que vê no ambiente e dentro de si.

Os limites de suportar pressões variam da mesma forma de pessoa para pessoa. Para alguns, o pavio é inexistente, para outros, é longo. Num caso uma ofensa recebida pode representar um tormento intenso, enquanto no outro, um insulto provoca riso ou gargalhada. Há pessoas que têm uma autoimagem rígida moralmente, enquanto outras se mantêm inabaláveis na mesma situação.

A vida, na verdade, não é fácil e é cheia de armadilhas inesperadas, de entrechoques, desentendimentos, disputas, e a sociedade ainda engatinha em relação aos valores humanos que consagram idealmente o amor e o respeito mútuo.

No mundo das empresas e organizações públicas, a continua tensão gerada pelo estresse acarreta queda da produtividade, perda de oportunidades, erros, acidentes de trabalho, aumento dos custos com saúde, má gestão, custos com ações trabalhistas e maior rotatividade de funcionários.

No ambiente escolar os conflitos dos estudantes entre si e com os professores, o famigerado bullying, as dores do viver são igualmente preocupantes, se considerarmos que adolescentes se encontram em uma fase da vida em que se confrontam com as grandes questões existenciais, quando mais precisam de uma atenção compreensiva.

Nas famílias, a sociedade mínima que sempre precisa aprender a arte da convivência com sabedoria, são afortunadas aquelas cujo epicentro das relações seja o amor autêntico manifesto, cada um respeitando o limite do outro e exatamente do jeito que o outro é.

Para nos proteger e proteger as pessoas que amamos precisamos cultivar uma “válvula de escape” como forma de evitar que situações pequeninas como um grau de arroz se transforme em um imenso elefante que entre na sala de nossas casas de faz tudo tremer, quando não destrói com seu peso brutal aquilo que foi construído muitas vezes com muito esforço e trabalho.

Férias, passeios, amar, cantar, dançar, participar de palestras, sentir prazer, fazer um novo curso, ouvir músicas, dar gargalhadas, gritar, fazer caminhadas, praticar esportes, brincar, conversar, meditar, entrar em contato com a natureza, conversar e abraçar árvores, ver o sol nascer e se pôr, na praia, nas montanhas, no quintal de casa, no alto do apartamento, se misturar com a multidão nas grandes cidade, ir ao teatro e a festas, gostar de você, rir, ter fé, conversar um com o outro com expressividade e transparência, aprender a ouvir…

Eis aí algumas, entre infinitas outras, “válvulas de escape” necessárias para sua vida e das pessoas com as quais você convive todos os dias e aquelas que no andamento da carruagem passam a fazer parte da sua existência. O resto, acredite, é pura banalidade. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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