TEMPO DE MORRER E DE VIVER – BREVE DIÁLOGO FILOSÓFICO ENTRE CHARLIE E SNOOPY
Na atual conjuntura, parece haver razões de sobejo para nós, ibiunenses, sentirmos solidariamente um desassossego como seres sensíveis, diante dos fatos em curso.
Talvez venham em boa hora as celebrações do centésimo aniversário de São Sebastião, protetor de todos nós, cujo clima de devoção talvez nos provoque o alívio por um momento em que a fé se torna o epicentro de nossas atenções.
Por coincidência, recebi no zapp um quadrinho em que Charlie – sentado numa plataforma de um pequeno trapiche na margem de um lago de águas azuis –, diz ao simpático Snoopy:
— Um dia, nós vamos morrer, Snoopy!
— Sim, mas todos os outros dias, nós vamos viver!, retruca Snoopy
Hoje, boa parte da população chorou a morte súbita de um homem bom, querido e admirado como cidadão exemplar, marido e pai.
Neste mesmo dia, com o auditório lotado, a temperatura se elevou quase ao ponto de ebulição na sessão da Câmara Municipal em decorrência de uma grave denúncia, surpreendentemente recebida pela unanimidade dos vereadores e que abre um período de inquietação e desconforto político na cidade.
Vivemos uma circunstância em que os acontecimentos clamam por uma visão robusta da realidade e de todas as suas implicações com as peculiaridades da população e uma dose poderosa de saudável coragem para a superação dos desafios agudos.
Nunca se viu, desde a implantação da comunicação digital, um clima tão exacerbado de ataques, imprecações e impropérios, como reflexo de insatisfações postadas nas redes sociais, muitas vezes expostas com impiedosa virulência.
O pano de fundo dessa situação parece ter tudo que ver com aquilo que a filosofia chama de Causalidade, que é a relação entre um evento A (a causa) e um segundo evento B (o efeito), entendendo-se que o segundo evento seja uma consequência do primeiro. Ou seja: a causa gera um efeito.
É possível, portanto, que cessada ou modificada a causa, o efeito igualmente se transforme. Se desejamos obter um sim, não podemos agir de modo a causar um não.
Quando eu mudo minha conduta, o mundo se transforma em relação a mim, desde que eu tenha isso como um sentido, uma direção, uma coerência e, sobretudo, considere o outro como alguém com quem pretendo compartilhar ações que se tornem comuns entre nós.
Nas tempestades, o comandante ordena que se baixem as velas até o vento passar. Essa é uma forma de tornar a navegação mais segura e de inspirar confiança na tripulação, porque navegar é preciso. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)