HOMEM DO CAJADO SAGRADO RESSURGE E FALA QUE A PAZ ESTÁ DENTRO DE CADA UM

O Homem do Cajado Sagrado sempre me causa espanto e surpresa quando reaparece. Ambos temos um amor comum pelos seres humanos e, às vezes, ele me faz um teste para saber como eu ando. Ouço ele como a um guru, ‘aquele que traz a luz”.

Ele finge para mim, pois sabe mais da vida, porque, invisível, observa tudo que acontece em todo lugar.

Permanece de pé, em silêncio, olhando para o céu. Em seguida, baixa a cabeça, olha nos meus olhos:

— Hoje, vim para dar um recado para o povo sofrido desta terra!

— Peço que você escreva em sua revista para que a população respire mais calmamente, faça gestos delicados e, sobretudo, pense na importância do sentimento da paz.

— Bonito o que diz, meu velho!

— Paz é um estado de harmonia e bem-estar interires, cada vez mais necessários. Diga que a vida é assim mesmo, feita de altos e baixos, mas que as pessoas são dotados de uma força interior que, muitas vezes, não percebem. A força está dentro de cada um e é possível entrar em contato com ela, por exemplo, ouvindo uma música relaxante e tranquila, respirando naturalmente. Nossas mentes reagem de modos individuais ao que percebem no mundo.

Comento que essa sugestão é muito oportuna, mas lembro que, às vezes, nossas mentes parecem ser dominadas por um furacão de pensamentos, que nos faz sofrer terrivelmente.

— Nossa mente funciona assim mesmo, Carlos. Ela tem seu próprio ritmo variável e inconstante, mas a paz está presente mesmo que escondidinha de nossa percepção. A paz é um desejo humano e pode ser buscada e, acredite, será encontrada em algum momento. 

— Querido Carlos, há tantos caminhos para se encontrar paz. Cito alguns, mas existem muitos. Uma boa conversa com um amigo de verdade, sorrir, cantar, dançar, ouvir música, caminhar, amar, respeitar-se, aprender coisas novas, ler bons livros, regar as plantas, acreditar que é possível, brincar, não se levar a sério demasiadamente, dar boas gargalhadas, ser curioso e ver as coisas com novos pontos de vista, abandonar pensamentos obsoletos e inúteis, dar gritos para derrubar paredes, ter contato com a natureza e por aí vai.

— Orar e meditar também podem conduzir à paz interior?

— Lógico, Carlos, essas são duas descobertas fabulosas da humanidade e significam um exercício de fé que fortalece as almas humanas diante dos seus temores e incertezas. Ambas não necessitam obrigatoriamente que as pessoas a irem a um templo, mas de um lugar só seu junto com a natureza, mas, nada contra aqueles que seguem um credo e frequentam lugares que se consideram sagrados pelos fiéis.

— Que bom!

— A vida humana é um fenômeno sem roteiro. Cada um vive do seu próprio jeito e, quando se sentirem magoados, tristes ou desamparados, saibam que existem pessoas e lugares exatamente destinados a dar acolhimentos e ouvir a historicidade de cada pessoa, que é a maneira como interpreta sua existência.

— Isso é uma reflexão muito profunda, meu amigo!

— É preciso descomplicar a maneira como percebemos o mundo e o que achamos de nós. É tão simples, e por ter essa característica, os fatos reais podem parecem um emaranhado e sem saída, quando sabemos que é possível, simplesmente isso, é possível. Por que não seria?

— Sempre procurei a sabedoria de viver, Carlos, e aprendi muito, até mesmo observar os acontecimentos com infinita paciência. Já viu como a natureza prepara um temporal, formas nuvens escuras, troveja, venta, e depois vem a calmaria. Algumas árvores podem cair, perder galhos e ramos, mas a floresta segue adiante.

— As pessoas se sentem desamparadas quando não têm a família que desejam, amigos, amor, reconhecimento do jeito que são e vivem com a sensação de que estão isoladas no mundo. Não! Isso não é real, sempre você encontrará alguém que lhe dê atenção, carinho e respeito. Simples assim!

“Por hoje, essa é minha mensagem ao povo, fruto do amor que sinto pela frágil natureza humana. Tomara que muitos leiam essas palavras e façam uma parceria constante com a paz interior.”

“Carlos, chame a atenção dos leitores no sentido de que a paz não significa ausência de problemas, não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor, mas um encontro tranquilo consigo mesmo.”

Dito isto, o Homem do Cajado Sagrado sumiu, como sempre faz, diante dos meus olhos em lágrimas. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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