EDITORIAL – E AGORA, FÁBIO BELLO?
Se Fábio Bello agir com a mesma gana com que se dedicou para conquistar o direito tomar posse do cargo de prefeito de Ibiúna – e conseguiu, depois de quase um ano de sufoco e de um elevado custo advocatício, cujo valor real jamais se saberá – então isso já é um ponto a seu favor. Isso significa, numa tradução livre, que deverá defender os direitos do povo à boa saúde, boa educação, boa segurança, bom trabalho da mesma forma. Isso é pelo menos o que indica o raciocínio lógico.
Mas no mundo da política nem sempre essa é a lógica que funciona. Há tantos fatores intervenientes, interesses, compromissos, acordos, formas de exercer o poder que só a observação direta dos fatos – infelizmente depois de acontecidos – pode sustentar a relação fiel entre o que se fala e o que se pratica. E, nesse caso, mais uma vez, para enxergar a realidade os cidadãos precisam deixar de serem manipulados.
Bello tem um público cativo expressivo no município. Recebeu 19.096 sufrágios de um total de 42.349 votos válidos apurados nas eleições para prefeito de outubro de 2012. Alguns dos seus seguidores beiram o fanatismo, o que demonstra que seu perfil político inclui um quê de carisma. Numa observação direta do seu comportamento se nota um homem de extrema humildade na fala, no jeito, no silêncio, da maneira como evoca Deus como seu guia e protetor. Mas sempre pode haver uma distância entre o papel de ator político e a geração de imagens que não correspondem com a realidade. Por isso, espera-se, efetivamente que suas palavras ditas a esta revista assim que foi proclamado como prefeito eleito de Ibiúna na sexta-feira (6) seja a mais perfeita expressão da verdade. E torcemos por isso!
Por outras palavras, Bello disse que mudou, que ganhou mais experiência e que vai usar esse aprendizado em sua nova gestão, a terceira, único caso registrado até agora na história de Ibiúna. Vai agir com mais rapidez e ajudar as pessoas. Vai pôr a casa (prefeitura) em ordem em poucos meses.
De modo especial, o que nos chamou a atenção foi sua declaração de que não vai mais cometer os erros que cometeu no passado. Aí está a chave e o foco deste editorial. Seria oportuno saber o que pensam alguns dos 23.253 eleitores que não votaram em Bello. E se sabe que muitos não pensam coisas exatamente boas e positivas. Recebemos e-mails até com explícito sentimento de revolta. Foi um ato de improbidade administrativa que gerou todo o imbróglio e um nó que demorou cerca de um ano para ser desatado. Foi uma espécie de ricocheteio que o atingiu na volta. Ainda bem que sua fé em Deus e em Nossa Senhora que desata nós lhe deu essa nova oportunidade e aí chegamos ao núcleo da questão: Bello só fará um bom governo se tiver efetivamente se convertido de um cara que cometia erros (alvos de muitas críticas) e que não vai mais repeti-los. Essa é a esperança diante de um fato consumado. Se entender que os tempos são outros, que as pessoas estão mais espertas e exigentes, que há uma nova imprensa que está fora dos parâmetros tradicionais de acordo silentes. Tudo isso pode e deve ser levando em conta.
Uma coisa é certa. De fato Bello ganhou uma nova oportunidade, uma segunda chance de mostrar a que veio e, além disso, conta com a possibilidade de um sortilégio: 2014 será um ano plenamente eleitoral e o governo estadual terá todas as razões para ajudá-lo financeiramente para tocar seus projetos, a começar pelo seu velho amigo Edson Aparecido, chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo. Não haverá, aparentemente, razão para que Bello deixe de fazer um bom governo. Só dependerá dele e de sua consciência.
Carlos Rossini é editor
da revista vitrine online