ÍNTEGRO – QUE POLÍTICOS BRASILEIROS MERECEM ESSE ADJETIVO?

Antes da pandemia, nosso país – entregue nas mãos dos políticos – já era bagunçado, nas cidades, nos estados, na federação, causa de um mar de incertezas quanto ao rumo dos acontecimentos, agora mais amplo e complexo.

Com a chegada do coronavírus, a nação mergulhou num abismo tenebroso cujo fundo não se vê. Estamos em queda livre. A população sofre cada vez mais de insegurança e desespero, com centenas de milhares de mortes, milhões de desempregados e um sem número de famílias sem ter o que comer.

Há um substantivo feminino que se encontra oculto sob uma teia de aranha, como aquelas que se formam nas janelas de casarões abandonados: integridade.

Integridade significa a qualidade de alguém (ou de algo) ser íntegro, conduta reta, pessoa de honra, ética, educada, brioso, pundonoroso, cuja natureza de ação nos dá uma imagem de inocência, pureza ou castidade, o que é íntegro, é justo e perfeito, é puro de alma e de espírito.

O adjetivo íntegro significa inteiro, completo, totalmente probo, irrepreensível na sua conduta, honesto, incorruptível

Você, leitor, conhece políticos brasileiros – na sua cidade, no seu estado, no seu país – em que caibam esses atributos como mão na luva?

Se conhecer, veja quis dessas qualidades eles igualmente deveriam expressar: imparcialidade, isenção, justiça, dignidade, equidade, honestidade, honra, honradez, lhaneza, lisura, probidade, retidão, seriedade. Inocência: castidade, pureza, virtude, candura, decência, decoro, ingenuidade, inocência, pudicícia, pudor, respeitabilidade, virgindade.

Ainda continua achando que conhece políticos merecedores desses atributos de caráter? Não tenha pressa de responder, reflita bem, pois talvez você consiga perceber com mais clareza o país em que vive.

Já sei no que está pensando: essas características não são humanas. Quem se comporta dessa forma não é homem, é santo ou anjo. Tem razão trata-se de atributos que não estamos habituados a ver na realidade. Basta ver como se comportam o presidente da República, seus ministros, deputados e senadores, para deixar de lado esse assunto que diz respeito aos mais puros conceitos da democracia ideal. Para atender aos reclamos de patriotas fundamentalistas, incluímos aqui também a alta magistratura, alvo de ataques virulentos jamais vistos da história do Poder Judiciário brasileiro.

Aliás, igualmente nunca se viu tanta falta de credibilidade das instituições públicas e dos seus agentes.

Então, abandonemos por hora essa família de termos constantes no dicionário, e vejamos exatamente as palavras opostas ao sentido da integridade, também conhecidas como antônimas: aboiz, alicantina, arapuca, armadilha, arteirice, artifício, artimanha, astúcia, batota, blefe, burla, cambalacho, cilada, conluio, dolo, embromação, embrulho, embuste, endrômina, engano, engenho, engodo.

Então o que se tem observado com mais frequência: Decoro ou artimanha? Transparência ou conluio? Honestidade ou arteirice? Justiça ou artifício? Probidade ou burla? Imparcialidade ou cambalacho? Decência ou astúcia? O restante do raciocínio deixo por sua conta, leitor. Faço isso em respeito à sua liberdade de perceber a realidade e descrevê-la conforme suas palavras, porque esse procedimento estimula muito a tomada de consciência da realidade que teima em se ocultar por trás de véus onde os homens públicos costumam frequentar quando se trata de tramar ações longe dos holofotes, dos microfones, das câmeras, que raramente são bem-vindos sobretudo nestes tempos sem as cores da verdade. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)   

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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