MÉDICO NÃO É SANTO; EXAME PREVENTIVO DA PRÓSTATA PODE SALVAR VIDAS

Nestes cruéis e impiedosos tempos de pandemia por covid-19 as outras doenças, e são muitas, continuam a existir, a causar dor, sofrimento e mortes.

Deitado na maca, cueca abaixada, aguardava pelo urologista que faria um toque retal para avaliar minha próstata. Já fiz esse exame algumas vezes e se (os machões convictos) quiserem acreditar em mim garanto, não lhe deixa nem um pouco menos homem e tampouco compromete a virilidade.

Um pouco desagradável é: dá vontade de mijar e de vomitar ao mesmo tempo, mas o procedimento é rápido. O problema mais sério estava do outro lado do biombo onde me encontrava deitado.

O telefone do médico tocara, do outro lado da linha um conhecido empresário do setor automobilístico. Estava desesperado. O conjunto de seus exames apontava para a existência de um câncer.

O choque da pessoa quando fica conhecendo o diagnóstico é muito mais assustador do que um terremoto superior a nove graus na escala Richter. Perde-se o chão, o espaço, o prumo, a consciência.

O paciente, do outro lado da linha, falava em italiano com o médico e deveria estar infinitamente preocupado. Talvez quisesse que o médico lhe dissesse outra coisa, que o exame fora trocado ou lhe aliviasse de alguma forma a angústia que se fixara em seu peito. A conversa prosseguia, até que o médico afirmou:

Signore, Io sono uno dottore, non uno santo.”

Essas palavras ecoaram por sobre o biombo e devem ter causado um impacto terrível no empresário.

Hoje virou um jargão médico a afirmação de que um câncer quando detectado no início tem boas chances de ser controlado, mas na realidade cada história é uma história e envolve muitos fatores, alguns envoltos no mistério que se oculta atrás do conhecimento médico disponível, digamos até mesmo o mais atualizado, e também da mais alta tecnologia desenvolvida. Os oncologistas clínicos convivem com esse desafio dia a dia. Trata-se de uma doença cruel, insidiosa, silente que não escolhe idade e tampouco gênero para atacar.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer – Inca, foram diagnosticados 68.220 novos casos de câncer de próstata e cerca de 15 mil mortes/ano em decorrência da doença no Brasil, para cada ano do biênio 2018/2019.

De qualquer forma este artigo precisa tomar um rumo e o escolhido é o tradicional: cavalheiros não tenham medo de fazer exame de toque retal, pois é, junto com exame de PSA, importante para proteger sua saúde. O câncer de próstata é um dos mais comuns no homem, assim como câncer de mama nas mulheres, e tem feito baixas consideráveis no Brasil e no mundo afora.

O exame da próstata não reduz a virilidade do homem, mas a doença, esta sim, pode roubar-lhe um dos grandes prazeres da vida. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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