CLAUDINO PILETTI NOS BRINDA COM [ÓTIMAS] REFLEXÕES SOBRE O CELULAR E O VINHO

Coincidentemente, hoje tive o prazer de degustar um ótimo tinto italiano trazido de São Paulo pela minha cunhada para fazer companhia para um farfalle da mesma origem.

Mas, à noite, fui buscar uma pizza no Pirandello e ali, para minha surpresa, foi brindado com duas obras de Claudino Piletti, dois dos seus livros que não conhecia: O gaúcho que sonhava ser celular da China, pela editora Letra&Vida, e Malhas de vinho tinto em toalhas de linho branco, editado pela Fapec.

Ambos merecem ser lidos pela riqueza dos seus conteúdos, além da leveza da leitura que flui suave, leve como uma pluma, ou a correnteza de um rio de águas cristalinas que remontam às nossas origens humanas.

Natural de Bento Gonçalves, graduou-se em filosofia e pedagogia pela Faculdade Imaculada Conceição de Viamão, no Rio Grande do Sul. Mais tarde, agora em São Paulo, fez mestrado de doutorado em Educação na Universidade de São Paulo.

Premiado por um ensaio sobre Ortega Y Gasset ganhou uma bolsa de estudo do Instituto de Cultura Hispânica para curso de um ano em Madrid. Lá, além da filosofia, dedicou-se aos estudos de psicologia. Após concluir o curso trabalhou na Alemanha e viajou por diversos países europeus.

Autor de vários livros didáticos e filosóficos, Claudino Piletti, junto com sua esposa, Maria da Glória, pedagoga formada pela USP, foi presidente e mantenedor da Faculdade Paulista de Educação e Comunicação – Fapec, que marcou história em Ibiúna nos campos da educação e da cultura.

In O Gaúcho que sonhava ser celular da China, a riqueza de citações revela que Piletti fez uma vasta pesquisa, como para preparar uma tese acadêmica, mas o leitor é presenteado por frases tão divertidas quanto de profundidade filosófica em torno da influência do indispensável celular em nossas vidas cotidianas.

“E tudo que existe agora será obsoleto, dentro de pouco tempo,[…] porque tudo será feito com o celular”, uma frase de Humberto Eco, publicada no caderno Mais da Folha de S. Paulo, em 2008.

Mais um aperitivo, agora de acordo com Paul Auster: “Oliver Sacks escreveu que pessoas neurologicamente sãs contam a si mesmas as histórias de suas vidas todos os dias. Vivemos numa narrativa. Há uma espécie de linha que seguimos e que nos liga a outros, hoje, amanhã. É claro que montamos e cortamos muita coisa, sobretudo aquilo que não se encaixa no que pensamos que somos ou queremos ser. Escrevemos a nossa própria história. É o que nos leva para o futuro. Mas as pessoas que são neurologicamente deficientes não conseguem fazer isso. Elas têm a vida em fragmentos. Não há continuidade.”

In Malhas de vinho tinto em toalhas brancas de linho branco se observa um grande refinamento do escritor em relação ao tema do livro. São frases, provérbios e curiosidades sobre o vinho que o qualifica como uma “gloriosa e feliz instituição” que acompanha a história da humanidade.

Piletti escolheu malhas e não manchas em toalhas brancas de linho, de forma purista, porque “são adornos e beleza”…porque sugerem festa, alegria e convivência e logo evoca o que o filósofo grego Platão terá dito sobre o vinho: “É o mais belo presente que Deus deu aos homens”.

No prefácio da obra, João Valduga, da vinícola Casa Valduga, desde 1875, escreve: “Da Bíblia à ciência, passando pelo Talmud e Alcorão, pelos poetas, pensadores, médicos e artistas, o vinho sempre foi – e será – tema de muita análise e reflexão”.

Mais adiante: …em sua obra, Piletti “convida os leitores a um passeio etílico desde a origem da humanidade até os dias de hoje, por meio de frases, provérbios e curiosidades sobre o vinho”.

Faltou dizer que Claudino Piletti reside em Ibiúna com sua família há muitos anos onde encontra inspiração para mergulhos solitários nas profundezas dos conhecimentos que destilam produtos de ótima cepa com sua sensibilidade típica dos homens simples e sábios. (C.R.)

*Vitrine online já publicou diversas notícias sobre as obras de Claudino Piletti, como Luz para tolos e Muito Além do Seminário.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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