ITUPARARANGA URGENTE – VOLUME MORTO PODERÁ DECRETAR O FIM DA REPRESA

Em meio à maior crise hídrica dos últimos 50 anos que atinge diretamente a represa Itupararanga, a Câmara Municipal de Sorocaba realizará na próxima segunda-feira (20,), às 18 horas, a audiência pública “Ações para Conter a Crise Hídrica na Região”. 

A propósito, em entrevista exclusiva a vitrine online, o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT), biólogo e professor da UFSCar Sorocaba, Dr. André Cordeiro, que estuda a represa há mais de dez anos, faz uma advertência da maior gravidade:

O volume do reservatório está hoje a menos de 3,5 metros do volume morto que é abaixo da cota de 813,5 metros.

“Esperamos nunca chegarmos nisso pois isso representa o fim do reservatório com grande impacto para o ecossistema”, adverte o cientista que mais conhece a real situação da represa.

ACOMPANHE O DEBATE

 O debate será realizado por solicitação da Comissão de Meio Ambiente da Casa, composta pelos vereadores Iara Bernardi, João Donizeti e Fausto Peres, a pedido do Grupo de Trabalho da Crise Hídrica do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e Médio Tietê, com a presença de prefeitos e vereadores da região, anuncia a SOS Itupararanga.

O encontro será presencial, respeitando o limite de ocupação de um terço do plenário da Câmara, e transmitido pela TV Câmara (TV Aberta Digital – canal 31.3, NET – canal 04 e Vivo Fibra – canal 09) e pelas redes sociais do Legislativo.

MAIOR CRISE DOS ÚLTIMOS 50 ANOS

Leia a íntegra da entrevista com o Dr. André Cordeiro:

Vitrine online – Qual é a situação real neste momento da represa Itupararanga?

DR. ANDRÉ CORDEIRO – A represa está funcionando abaixo do nível mínimo operacional, isso quer dizer que estamos usando um volume de água que deveriam estar reservando para o bom funcionamento da geração de energia e na manutenção da quantidade e qualidade de água. Esta situação só aconteceu três vezes antes a última em 1969, período em que nem Sorocaba ainda captava água. Em resumo a população pode esperar piora na qualidade de água e a redução de alguns.

VO – Ela já está operando no volume morto? O que significa isso?

AC: Normalmente o que ficou definido volume morto é a quantidade de água que não é possível tirar sem bombear (não sai mais por gravidade) fica abaixo da última saída da represa. Esperamos nunca chegarmos nisso pois isso representa o fim do reservatório com grande impacto para o ecossistema.

Dr. André Cordeiro: “O Comitê está chegando ao limite do que pode fazer…”

VO – O senhor vai participar da audiência pública desta segunda-feira com que objetivo?

AC – Vou participar da audiência e a principal função é pressionar os agentes públicos para medidas mais intensas de redução do consumo de água. O Comitê está chegando no limite do que pode fazer sem apoio das prefeituras e do governo do Estado através do DAEE.

VO – No seu entender, o que deixou de ser feito para que a crise que atinge a represa Itupararanga chegasse a esse ponto?

AC – Acho que duas coisas faltaram, primeiro uma parcimônia no uso da água para geração de energia, a Votorantim gerou mais que deveria (do ponto de vista de manutenção do água para abastecimento público), o Comitê vem desde 2018 tentando discutir a regra operacional com a empresa, mas faltou força legal e política para conseguir isso.

A segunda coisa é o entendimento dos municípios que há um limite de crescimento e que é preciso limitar a aprovação de empreendimentos imobiliários que irão aumentar a ocupação das cidades. Porém, na maioria das vezes, o interesse dos empreendedores imobiliários se sobrepõe ao interesse da qualidade de vida da população.

VO – Qual é o volume atual da represa Itupararanga?

AC – O volume morto é abaixo de 813,5 metros, o reservatório está com 817, ou seja 3,5 metros do volume morto, o equivalente a 20% do volume máximo. Na verdade, hoje (16.12), 19%.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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