PANDEMIA – A NOVA ONDA E A IGNORÂNCIA GOVERNAMENTAL

A sensibilidade varia grandemente de pessoa para pessoa. Há, até mesmo, pessoas insensíveis em relação a fatos humanos que para alguns são capazes de causar sérios problemas de natureza emocional.

Talvez a banalização do mal e dos crimes tenha um peso relevante a ser considerado nas razões pelas quais a sociedade parece estar à beira de um ataque dos nervos ou mesmo já muito além desse cenário, com sintomas graves de doenças nervosas, que fazem a alegria da indústria farmacêutica que produz remédios para ansiedade, depressão e ataques de pânico.

A insegurança alimentar já se transformou numa doença crônica na sociedade brasileira, com imagens de pessoas fazendo fila em portas de açougues para disputar um pedaço de osso levemente encarnado ou revirando lixo de supermercados e entrepostos de alimentos perecíveis, para enfiar alguma coisa no estômago, ainda que parcial ou totalmente deteriorada.

Como se não bastasse termos um governo avesso a tudo que diz respeito à ciência, ao bom senso e à razoabilidade. O atual presidente do Brasil, um líder do negacionismo científico e papa da ignorância explícita, acaba de inflamar sua habitual grosseria, anunciando que sua filha de onze anos não vai tomar a vacina contra a covid-19, que se sabe, passou a ser fundamental para proteger as crianças na faixa dos 5 aos 11 anos, que está desprotegida exatamente por não estar imunizada.

Os hospitais infantis de São Paulo já começam a revelar que estão aumentando os casos de internações de crianças enquanto se espera a chegada das primeiras doses de vacinas pediátricas, adquiridas pelo Ministério (Negacionista) da Saúde, pela metade da necessidade das 22 milhões de crianças brasileiras nessas idades. E pensar que criança é o futuro de uma pátria! Que futuro teremos se prosseguirmos assim caminhando nas trevas de uma cultura oficial doentia?

O povo, é necessário dizer, também não colabora. Parece incapaz, em grande número, de agir igualmente de acordo com as recomendações sanitárias básicas de usar máscaras (um meio indispensável de se proteger contra a transmissão do vírus), manter distanciamento social e evitar aglomerações, e lavar as mãos constantemente, pois os vírus detestam limpeza e higiene. A transmissão da doença se dá principalmente pelo lançamento de patógenos no ar que entram nas vias respiratórias da vítima mais próxima.

Se a insensível estupidez dos governantes persiste em colaborar com a transmissão da doença provocando uma nova onda, agora pelo batismo de um novo agente, ômicron, e mais mortes num país (e também num mundo que volta a se ver sob uma nova onda ameaçadora) já atormentado com cerca de 620 mil óbitos desde o início da pandemia há cerca de dois anos, então precisamos nos proteger da incompetência e da mediocridade eleita, talvez por equívocos que a história observa de tempos em tempos até mesmo em grandes nações. Quantos norte-americanos idolatram Trump, até hoje?

Parece, e Deus nos proteja, que estamos diante da ameaça de uma nova guerra contra um vírus renitente, insidioso, que somente causa dor, sofrimento e morte e, outra, de efeito tão danoso, a ignorância. (Carlos Rossini e editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *