IBIÚNA – AUDIÊNCIA PÚBLICA DA SAÚDE NA CÂMARA DEIXOU A DESEJAR

Audiências públicas são reuniões realizadas pelas comissões com a participação de cidadãos, órgãos e entidades públicas ou civis para instruir a análise de alguma proposição em tramitação na Câmara ou para tratar de questão de interesse público relevante que esteja dentro dos temas reservados para a comissão.

Levando em consideração essa definição sobre o objetivo de uma audiência pública, a que foi realizada na Câmara Municipal de Ibiúna na quinta-feira (24) sobre o funcionamento do sistema de saúde público em Ibiúna deixou a desejar.

Uma notável comprovação dessa tese é a distribuição do tempo: 120 minutos para a exposição das autoridades municipais e 1 minuto para a participação de cada cidadão, rigorosamente controlado pelo presidente da comissão.

A propósito, um cidadão de 72 anos, Darci Rodrigues, visivelmente revoltado pelo mau atendimento que disse ter recebido em dezembro  no Hospital Municipal da Cidade quando contraiu covid-19, onde permaneceu por três dias sendo posteriormente transferido para o Hospital Emílio Ribas em São Paulo onde afirmou ter tido um atendimento exemplar por uma equipe médica atenciosa, diferente do recebido em Ibiúna.

Portando um manifesto de cinco páginas nas mãos, o mesmo personagem que reside em Ibiúna há 35 anos, se queixou também da falta de fornecimento de laudos de exames laboratoriais.

Eis o que escreveu: “Todo cidadão na coleta de sangue, fezes, o laboratório se nega a entregar o resultado por escrito, obrigando o cidadão a ir a uma lan house para ver se o exame já está pronto e depois imprimir. Isso é um absurdo porque a maioria da população não tem acesso à internet, sendo que é obrigação do laboratório entregá-lo”.

Mas, desafortunadamente, ele não conseguiu expor sua queixa porque o presidente da comissão parlamentar que dirigiu a audiência, um jovem vereador de primeiro mandato, o podou claramente, exigindo que não excedesse um minuto, o que fez com que ele se exaltasse e se sentisse decepcionado.

A vitrine online, Rodrigues disse que iria denunciar o tratamento que recebeu ao Ministério Público.

Rodrigues disse ser integrante do Conselho Nacional de Saúde

Vale lembrar que o tempo disponível para a autoridade da saúde bem como dedicado aos vereadores presentes e outros servidores da saúde foi bem mais generoso, permitindo que perguntas e observações fossem expostas livremente.

É lamentável ver o quanto ainda temos que aprender em nosso parlamento que parece não reconhecer o direito legítimo de manifestação dos munícipes, especialmente no que diz respeito à Comissão de Saúde da Câmara Municipal, como se verificou na audiência pública da quinta-feira. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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