O HOMEM QUE MORREU POR CAUSA DE UMA VÍRGULA

“Certa vez, numa guerra entre duas nações africanas que falam Português, um homem foi capturado pelo exército inimigo. Depois foi levado ao Tribunal Militar e condenado à morte. Porém, naquele país, para alguém ser executado era necessário o aval do Rei que tinha o poder de confirmar a condenação ou absolver o preso. Mas quando o Rei soube de quem se tratava teve um susto enorme: o preso, mesmo sendo seu adversário naquela guerra, era de uma família tradicional e levá-lo a forca poderia se transformar numa comoção nacional e mudar o resultado da guerra. O Rei, então, decidiu absolvê-lo e mandou imediatamente uma carta ao comando de suas tropas na qual manifestava sua decisão de soltar o preso. Porém, passados dois dias teve outro susto maior ainda: o homem havia sido enforcado mesmo. Furioso, o Rei chamou o seu comandante militar e pediu explicações. O comandante, então, mostrou-lhe a carta que tinha recebido na qual estava escrito assim:

O TRIBUNAL CONDENOU, EU NÃO ABSOLVO.

Conclusão: O homem foi enforcado porque o Rei esqueceu de colocar uma vírgula depois da palavra NÃO. Entenderam?”

O TRIBUNAL CONDENOU, EU NÃO, ABSOLVO.

Caríssimos leitoras e leitores, reproduzo essa história porque hoje (12) publiquei uma pequena nota sob o título “AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM, COM CARINHO”, com o seguinte texto extraído de um release distribuído por enfermeira para homenagear seus colegas.

“Hoje, 12 de maio, é celebrado o Dia Internacional do Enfermeiro e da Enfermagem. A data simboliza a importância do profissional e suas contribuições à sociedade.
Embora ainda haja um senso comum de que o papel do enfermeiro é meramente auxiliar, o profissional, na verdade, é peça vital na área de saúde, sendo profissionais polivalentes.”

Para minha surpresa no meio da tarde recebi uma mensagem pelo WhatSapp de uma enfermeira ibiunense discordando da homenagem nos seguintes termos:

“Rossini boa tarde. Obrigada pela homenagem,

Mas discordo de vc quando fala que temos um papel meramente auxiliar, pois somos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem capacitados.

Enfermeiros que muitas vezes são tão ou mais qualificados do que qualquer médico.

Os quais em sua maioria nem têm especializações.”

Estupefato, pedi a ela que relesse o texto que diz exatamente o oposto do seu (dela) argumento no reconhecimento plural do valor dos enfermeiros, enfermeiras, auxiliares de enfermagem. Observe:

“Embora ainda haja um senso comum de que o papel do enfermeiro é meramente auxiliar, NA VERDADE, É PEÇA VITAL NA ÁREA DE SAÚDE, SENDO PROFISSIONAIS POLIVALENTES.” [isto foi escrito por uma enfermeira em notícia expedida por uma instituição de saúde para os veículos de imprensa].

Bem, a surpresa e o espanto me remeteram à lembrança da história do homem que foi morto por causa de uma vírgula e do quanto precisamos cultuar a nossa Língua Portuguesa.

Profissionais de enfermagem aceitem, por favor, meu mais eloquente carinho pelo trabalho que vocês realizam no dia a dia e pelo heroísmo espetacular no combate à covid-19, salvando muitas vidas. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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