‘PARA PROGREDIR, IBIÚNA PRECISA MUDAR’

Na última semana, ouvi diretamente dezenas de pessoas e concluí que há um considerável número de cidadãos que defendem a necessidade de mudanças concretas. Entendem que Ibiúna precisa reinventar-se, a fim de que possa realmente progredir. Caso contrário, continuará patinando na mesmice sem sair do lugar.

Elas acreditam que o conservadorismo reinante no município é causador de um notável atraso em diversos setores, como economia, cultura, política, saúde, segurança, meio ambiente, turismo e serviços públicos.

“Parece que desejam manter o município, apesar de sua longa extensão territorial, dentro de uma redoma, protegido contra mudanças, como se isso fosse possível”, avaliou uma dessas pessoas, considerando “absurdo” o que os políticos tradicionais fazem para “nos manter num ambiente de estagnação”.

A avaliação abrangeu o comportamento conservador tanto do Poder Executivo quanto Legislativo, que parecem ter constituído uma “irmandade” que assegura situações privilegiadas para os protagonistas ‘alinhados’, que “dão as costas ao povo”, logo depois serem eleitos. Uma história que se repete. “E esse hábito se verifica há décadas em Ibiúna.”

Um proprietário de lojas na cidade observou que há uma espécie de “cumplicidade” entre as autoridades conservadoras e empresários que comungam as mesmas ideias. Segundo ele, procuram desestimular todo empreendimento que seja “diferente” e “inovador”, chegando mesmo a, de alguma forma, “melar” iniciativas dessa natureza, se não for do seu interesse. “Querem que tudo permaneça como está por longo tempo.”

“Há políticos que pretendem se eternizar no poder, de forma direta ou indireta, para manter-se no comando da cidade e beneficiar-se de alguma forma” – assinalou. Ele considera essa condição como uma das causas do atraso evidente que se reflete em todos os segmentos, como no setor de turismo, sem nenhuma estrutura pública considerável, apesar de o município ter se tornado estância turística há 23 anos.

“Parece, igualmente, que a intenção desses ‘conservadores’ é manter os cidadãos desinformados sobre a realidade, na medida em que despejam sobre a população um massivo e contínuo volume de “divulgações auspiciosas, shows para entreter, incompatíveis com as reclamações e denúncias das dores populares que se veem nas redes sociais”.

Outras pessoas ouvidas chamaram a atenção para o fato de que haverá eleições municipais em 2024 e para as movimentações “publicitárias” do Executivo com o intuito de mostrar o “canteiro de obras” com pavimentações de ruas e a reforma do Posto Central de Saúde, cujas obras foram paralisadas há seis anos, quando era prefeito o secretário mais poderoso da atual gestão, que a famigerada reforma da rodoviária segue “a todo vapor”, etc.

Eis que surgem as primeiras notícias anunciando os primeiros nomes de pré-candidatos ao cargo de prefeito, incluindo aquele que se qualifica como “reelegível” para dar continuidade à sua obra. Não se vê, até o momento, no entender dessa camada da população insatisfeita e crítica da face conservadora do poder em Ibiúna, um compromisso público forte, explícito e robusto de que pretendem agir com a coragem heróica de promover as mudanças requeridas.

Talvez, no andamento da carruagem política, se destaque um personagem surpreendente que manifeste uma postura pública ousada, lúcida, robusta, inteligente e oportuna. Uma nova liderança convincente capaz de promover uma abertura inovadora para que esse desejo de muitos – de verem a cidade livre dos crônicos problemas decorrentes do conservadorismo local – se torne realidade. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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