A PAIXÃO É UMA PERDA DA RAZÃO, UM ATAQUE FUGAZ E VIOLENTO DO AMOR
Pode acontecer com qualquer um. Um encontro casual num bar, uma troca de olhar no show, na festa, na casa de amigos, dentro do ônibus, no supermercado, na escola. A figura do outro é idealizada por sonhos, desejos e fantasias ou mesmo preenchimento de carência. Pronto. Essas podem ser algumas circunstâncias em que pode brotar esse louco amor chamado paixão, que pode surgir incontrolavelmente nele ou nela.
Paixão é uma palavra de origem latina e significa sofrimento, mas não pode ser levada ao pé da letra essa definição, porque a paixão é também apontada por um filósofo chamado Nietsche como “uma disposição plena de saúde e vigor”. Paixão pelo outro, pelos livros, pelo estudo. Então fica combinado que não teremos apenas uma impressão negativa da palavra, pois ela é mais do que isso. Mas aqui estamos falando de uma paixão entre um homem e uma mulher.
Kant descreve a paixão como uma “inclinação emocional violenta, capaz de dominar completamente a conduta humana e afastá-la da desejável capacidade de autonomia e escolha racional”. Numa tradução livre, está dizendo que a pessoa perde a cabeça, quando está apaixonada, e age de modo irracional.
Na Grécia, Aristóteles considerava a paixão uma “categoria” que “indica a passividade, a inatividade perante a ação alheia”. Tradução: a pessoa apaixonada praticamente se anula diante do objeto da paixão, fica meio boboca, fora do mundo real. E pode fazer besteira!
Para quem vê de fora, no comportamento do ou da apaixonada parece que a sua individualidade foi anulada diante do fascínio que o outro exerce sobre si. Sua posição fica extremamente frágil e até mesmo dolorosa, porque perde sua autonomia, seu poder de raciocinar por conta própria.
Quando a paixão é correspondida gera sentimento de felicidade e satisfação ao apaixonado. Mas, se acontece o contrário, e não há correspondência na paixão, pode haver grande tristeza, pois “o apaixonado só se sente feliz ao conseguir o objeto de sua paixão”. Mas é sabido que a paixão, intensa e arrebatadora, é um sentimento passageiro, talvez não vá além de quatro anos, em alguns casos. A maioria, no entanto, dura bem menos tempo, por causa dos desgastes naturais e decepções nas relações entre ambos.
Os jovens adolescentes estão mais sujeitos a ser alvo da paixão por falta de experiência nos meandros do amor, mas pessoas de qualquer idade podem se apaixonar, porque se trata de um sentimento humano. Um adulto, pelo menos se supõe, por ser mais vivido, pode se defender melhor contra as armadilhas do amor apaixonado. Mas nem sempre isso é verdadeiro.
Esse desejo intenso de ter o outro e ser correspondido desencadeia emoções que provocam mais de uma dezena de sintomas psíquicos e físicos no apaixonado, como alterações nos batimentos cardíacos, na pressão arterial e na temperatura do corpo, nas funções estomacais e intestinais, no nível do colesterol e de outras substâncias que percorrem no sangue como a adrenalina, razão porque ao ver o amado o coração dispara no peito.
A paixão é um sentimento por meio do qual a pessoa deseja, quer, a todo custo, o amor e a atenção do outro ser. Tem necessidade de ver, ouvir, estar perto, e tocar a pessoa pela qual se apaixonou. (C.R.)