BRASIL PRECISA DE MUTIRÃO NACIONAL CONTRA CRESCENTE ONDA DE VIOLÊNCIA

Há poucos dias, a presidenta Dilma Rousseff se mostrava assustada com o número de estupros que ocorrem de modo crescente no Brasil: mais de cinquenta mil por ano, de acordo com os últimos levantamentos. O estupro é uma violência que reflete o estágio de bestialidade dos seus autores. Mulheres e crianças são as principais vítimas desse crime covarde e pavoroso que, não raro, ocorre dentro da própria família por pais, padrastos, drogados e psicopatas de variadas características destrutivas. Para eles, a dor e o sofrimento do outro (a vítima) simplesmente não existem.

Agora surge a morte do pequeno Joaquim, um menino de três anos, em Ribeirão Preto e não há, até o momento, além do que as autoridades policiais têm revelado, definição cabal de autoria desse fato que comove toda a sociedade brasileira. A foto mostra o pequeno Joaquim com uma joaninha no dedo em seu estado de inocência e alegria naturais das crianças.

A barbárie tomou conta do Brasil. Logicamente, devemos, antes de prosseguir, ressalvar que a maioria dos pais e padrastos amam seus filhos e dariam (como muitos já o fizeram literalmente) a vida por eles. É uma parcela insana, mórbida, assassina – oculta na massa da sociedade – que age de modo cruel e impiedoso contra a vida.

As crianças, as mulheres e os idosos são as principais vítimas da violência. O Estado tem se mostrado incapaz de prevenir ou impedir essas ocorrências medidas por estatísticas assombrosas. Sabemos que há outros assuntos que exigem a atenção do governo, mas, diante dos fatos bestiais da realidade, não seria o caso de os governos Federal, Estaduais e Municipais iniciarem um Mutirão Nacional contra a Violência? Sim, uma operação para mexer com toda a sociedade brasileira de modo abrangente e profundo a fim de inibir ou mesmo impedir pela precaução que esses crimes pavorosos continuem ocorrendo? A Presidenta poderia, a partir dessa simples sugestão, dar início a um novo processo civilizatório no Brasil e se conseguisse (ela pode conseguir) mudar esse quadro, sua missão já estaria coberta de um valor inestimável como estadista. É preciso rever tudo: as leis caducas, a estrutura e as funções policiais, o estatuto e as práticas ético-morais, a educação e estabelecer um objetivo claro para orientar as ações em favor de um imenso território onde vivem duzentos milhões de pessoas.

Se nada for feito – começando já – só haverá motivo para sentirmos vergonha, vergonha de um País que parece ser eternamente do futuro, um mito que só tem servido para nos iludir.

Quem puder e quiser ajudar, envie essa sugestão para a presidenta Dilma Rousseff. Essa será uma forma efetiva de Ibiúna e dos ibiunenses tomarem uma iniciativa em respeito e proteção à vida. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.