IBIÚNA – CRIMES GERAM INSEGURANÇA NA POPULAÇÃO

Na última quinta-feira (4), uma senhora caminhava pela rua principal do bairro Campininha, localizado a cerca de 30 quilômetros do centro da cidade de Ibiúna, e que faz limite com Caucaia do Alto, um distrito de Cotia, com uma população de 80 mil habitantes, maior do que a população de Ibiúna.

Por volta das 11h30, surge um rapaz em uma moto preta. Diz que está armado e anuncia um assalto. Leva a bolsa da mulher, com o celular e aparelhos auditivos, documentos, cartões de crédito.

Foi um susto traumatizante relatou uma parente da senhora que precisou de amparo para se refazer emocionalmente. O rapaz teria seguido em direção a Caucaia, mas até o momento não foi localizado.

Vale lembrar que o bairro da Campininha conta com o mais ativo grupo social via WhatsApp, com uma intensa troca de informações da vizinhança, sobretudo relacionada a problemas como coleta de lixo, ônibus, posto de saúde, falta de medicamento, animais soltos e a presença de pessoas com comportamento suspeitos nas ruas.

O grupo faz parte da Vizinhança Solidária, coordenada pela Polícia Militar, e frequenta o WhatsApp da Guarda Civil Municipal. E também é presença assídua nas reuniões mensais do Conselho Comunitário de Segurança – Conseg-Ibiúna.

Nesta sexta-feira (5), por volta das 11h30, um rapaz [foto acima, extraída da câmera de segurança]rodeou um carro vermelho ao lado de uma loja que vende gás na Avenida Vereador Benedito de Campos, no Centro da Cidade. Flagrado pela câmera de segurança, foi preso em flagrante por tentativa de furto na Delegacia de Polícia de Ibiúna onde se encontra.

O presidente do Conseg-Ibiúna, engenheiro Marcelo Zambardino, tem demonstrado cada vez mais preocupações com a onda de crimes que vêm ocorrendo no município tanto da área rural quanto no centro da cidade. São furtos, roubos, trocas de tiros, homicídios, atos de violência contra pessoas que muitas vezes ocorrem à luz do dia, como aconteceu [na Rua XV de Novembro, a principal rua do centro da cidade], com uma jovem adolescente que recebeu um violento soco de um portador de doença mental, que não foi atendido ao pedir dinheiro para a jovem.

Ela caiu no chão e as imagens desse fato postadas nas redes sociais comoveram a população. O autor nem mesmo chegou a ser preso. Deverá responder a inquérito em liberdade.

Um experiente advogado, de tradicional família ibiunense, disse ao repórter desta revista anteontem que, ao contrário do passado, sente medo de andar pelas ruas da cidade, especialmente à noite, pois se sente inseguro pelas ações de bandidos perigosos.

Isto não significa que as autoridades de segurança do município não estejam agindo; ao contrário, vêm anunciando que têm reforçado a vigilância, as ações preventivas. Mas, pode significar que pode estar aumentando o número de infratores no município, cada vez mais ousados em suas ações criminosas.

JÁ FOI MUITO PIOR

O jornal Folha de S. Paulo, analisando dados de 2006, noticiou que Ibiúna estava em primeiro lugar em violência no Estado de São Paulo. Em 2012, já havia caído para o terceiro lugar, uma posição, ainda assim, terrível para uma cidade interiorana cuja economia se baseia na agricultura.

Em 2017, o Instituto Sou da Paz, uma ONG, publicou um estudo então inédito intitulado Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV), com base no levantamento em 138 cidades paulista com mais de 50 mil habitantes. Ibiúna ficou classificada em terceiro lugar, logo abaixo de Lorena e Itanhaém, e logo acima de Caraguatatuba, Peruíbe, Jandira e Itapevi.

Na ocasião, ouvido por vitrine online, o delegado titular de Ibiúna, Rafael de Medeiros Martins, considerou que esses dados não refletiam a realidade criminal no município que, segundo seus argumentos, apresentava uma situação dentro dos padrões esperados em se tratando de questões criminais de uma cidade.

Disse que haviam sido utilizados dados absolutos e que Ibiúna jamais estaria acima das ocorrências que se registravam em municípios “como Itapevi, Jandira, Carapicuíba e Osasco”.

Dr. Rafael havia trabalhado nessa região e testemunhava que os índices criminais nesses lugares eram muito maiores do que Ibiúna.

O delegado, no entanto, considerou, na época, “muito alto e preocupante” o número de estupros ocorridos no município que, segundo sua percepção, pode ter contribuído para o destaque conferido a Ibiúna por aquela ONG.

Em 2017, houve 15 estupros de crianças e adolescentes e 36 de vulneráveis, praticado dentro das casas por padrastos, pais, tios, vizinhos.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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