IBIÚNA – CRESCE CLAMOR POPULAR POR RODOVIÁRIA E TRANSPORTE PÚBLICO

A Prefeitura de Ibiúna não presta informação jornalística sobre a estação rodoviária, que se encontra em reforma há dois anos e vinte dias, e sobre a situação do povo que durante todo esse tempo sofre incríveis desconfortos à espera de ônibus a céu aberto na estreita calçada da Rua Guarani, no centro da cidade. Coincidentemente, a empresa de ônibus também se comporta de modo “low profile”, expressão inglesa que, em português, significa “discreto”, mas, na realidade, pode ser entendida como “fechada para a mídia”, evitando ao extremo dar informações de interesse público à imprensa.

A postura da Prefeitura é idêntica em relação à drástica redução do número de ônibus da Viação Raposo Tavares por conta das férias escolares. Imagine-se uma cidade com cerca de noventa bairros rurais depender de 17 ônibus em circulação, nos primeiros dias de janeiro. O número terá aumentado para 27, por conta das inúmeras reclamações dos usuários que levou a Prefeitura a emitir uma notificação à empresa prestadora desse serviço.

Para quem não sabe, durante as férias escolares há uma tradicional diminuição na oferta de ônibus por parte da viação, a fim de evitar prejuízos financeiros, já que ela deixa de receber recursos do governo do estado para transportar estudantes da rede estadual de ensino no município no período letivo. Este ano, no entanto, os primeiros dias de janeiro a redução foi bem maior do que o habitual.

CLAMOR POPULAR

Três fatos [1. a interminável reforma da estação rodoviária; 2. fez com que a população tivesse que esperar ônibus na Rua Guarani debaixo de sol forte, chuva, frio, e sujeira; 3. a redução dos ônibus disponíveis.] fizeram com que eclodisse um clamor popular, devido às nefastas consequências para a população.

Se fosse possível resumir em uma única frase as queixas diárias feitas pelos usuários, seria esta: “A sociedade ibiunense é composta de pessoas que precisam trabalhar, ir ao médico, ao dentista, fazer compras, pagar contas, além, naturalmente, dos estudantes que igualmente dependem de transporte público. Todas essas atividades estão sujeitas ao cumprimento de horário. Nâo se pode chegar atrasado ao trabalho, a um consultório médico ou dentário, para citar alguns casos.”

Uma leitora que pediu para não ser identificada disse o seguinte: “Por que o prefeito e o secretário de Desenvolvimento Urbano não tomam uma atitude que atenda aos reclamos da gente? Já faz mais de dois anos que estamos sofrendo com isso.”

2,5 HORAS DE ESPERA

Neste sábado (20), a sra. M.C.F. postou a seguinte mensagem nas redes sociais: “Duas horas e meia de pé no guarani (sic) esperando o ônibus nesse calor, é pra lascar mesmo.” No fim acrescentou um emoji: uma carinha triste com uma lágrima escorrendo de um dos olhos.

Resultado imediato: trinta e seis comentários e isso acontece por que há uma identificação com a queixa inicial feita.

Outra mulher J.V. escreveu: “A culpa é TODA dos eleitores. Não se informam ou se vendem. Sem votos, eles não entram.”

Mais uma mulher H.S. grifou: “Por aí dá pra ver que o povo não aprende. E vão continuar confiando nesse lixos (sic). Principalmente nos vereadores que na teoria o serviço deles seria fiscalizar tudo e dar atendimento nas melhorias. Pois bem. Vamos aguardar outubro [referência indireta às eleições municipais que se realizarão no dia 6 de outubro deste ano}.

A.C.F. diz: “Não somos só nós os culpados! O problema maior são esses políticos desonestos, corruptos que fazem promessa que sabem que não vão cumprir. A culpa também é de algumas pessoas que se vendem para se dar bem! Quem troca seu título por favores que seriam obrigação do governo cumprir, trocam voto por cargo, por facilidades. Tenho muita pena desses coitados que trocam seus títulos por esses motivos.”

Z.C.F. faz um depoimento comovente: “Já andei da Nissin até Cotia, quando fui ver um ônibus quando estava chegando no centro de Vargem Grande…até aí eu decidi continuar em busca de trabalho com dinheiro apenas para voltar para casa.”

M.C.F. faz declaração sintomática: “Sei bem como é. Eu ando 2 km pra chegar no ponto de ônibus porque eu moro no sítio, aqui além de ser ruim de trabalho é ruim também de ônibus.”

D.O. faz uma declaração contundente: “Falta concorrência pra esse lixo (sic) de empresa de ônibus que temos em Ibiúna, tarifa cara e refugo de ônibus dispensados por outras cidades…a questão é que o povo tem que se manifestar e cobrar dos responsáveis que estão na gestão atual.”

E.F.A.: “Eles da Prefeitura não precisam pegar ônibus, logo estão c…ndo pra população.”

R.P. pega carona nessa frase: “Difícil hem colega! É porque os políticos não precisam do transporte público. Por isso, não se preocupam, mas as eleições tá (sic) chegando aí??? Vamos ver as promessas.”

Pelo menos três comentaristas manifestaram a vontade de arranjar emprego fora e sair da cidade por essas e outras aflições.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *