IBIÚNA – SACUDIDA PELAS REDES SOCIAIS, PARTE DO ELEITORADO DE 2020 NÃO É A MESMA DE 2024

Entra governo, sai governo, e Ibiúna continua sem resolver de modo efetivo seus problemas de sempre que afligem a população, como se estivesse parada no tempo e não conseguisse andar para frente, ao contrário das cidades vizinhas. Esta não é apenas a percepção de um escriba, mas uma constatação generalizada do que se ouve de sua população em conversas corriqueiras.

“Isso aqui nunca vai mudar”, dizem muitos que deixaram de acreditar nas promessas dos políticos tradicionais que pretendem se eternizar em seus cargos por meio de reeleições nas quais investem recursos financeiros consideráveis.  

Como estância turística o panorama é desanimador. Em 24 anos, nada de relevância foi feito em termos de estrutura para atrair e acolher turistas. Nas demais áreas de responsabilidade do Poder Executivo o cenário não é diferente: há sérios e crônicos problemas em todos os setores, especialmente na saúde pública, nas condições das estradas e no transporte público, campeões de queixas dos cidadãos.

A mais recente novidade se espalhou como nuvem soprada pelo vento em todas as direções. Trata-se de uma lei encaminhada pela Prefeitura e aprovada na Câmara Municipal pela base aliada do governo na última terça-feira (13), que eleva os subsídios (salários) pagos ao prefeito para R$ 35.290,00, vice-prefeito R$ 17.645,00 e secretários municipais R$ 12.909,00, a partir de 1º de janeiro.

Essa medida se tornou motivo de escárnio por parte dos servidores municipais brindados com um reajuste de 1,46% em seus salários mensais que correspondem a algo em torno de R$ 20,00 a R$ 30,00.

No meio dos ambientalistas que atuam em Ibiúna repercutiu mal a resposta dada pelo prefeito em uma entrevista. Perguntado se considerava que a APA (Área de Proteção Ambiental, vital para o sucesso de uma estância turística) era prejudicial ao progresso da cidade o chefe do Executivo não apenas respondeu afirmativamente como declarou que era preciso haver mudança na legislação porque os tempos mudaram.

Assim, não é de se estranhar que a mesma prefeitura tenha anunciado a criação de uma área de lazer na antiga comunidade existente próxima do Ginásio Municipal de Esportes que acabou por aterrar uma nascente e seu córrego que deságua no rio Sorocabuçu, de onde a Sabesp coleta água para abastecer a cidade. Felizmente, a Polícia Militar Ambiental, acolhendo pedido de uma entidade preservacionista, embargou a obra para proteção da nascente.

Apesar desses e de outros fatos similares, no entanto, há indícios de que parte considerável dos eleitores de 2020, por conta das informações que circulam nas redes sociais, começou a abrir os olhos e a perceber melhor a realidade política e administrativa da cidade, como se tivessem feito uma operação de catarata.

Pessoas que tinham medo de abrir a boca começaram a falar, a emitir opinião, a observar que as coisas não são bem assim como os políticos dizem que são. Começaram a enxergar com mais clareza a diferença entre mentiras trombeteadas pelas propagandas ilusórias e a dura realidade. E é exatamente aí que surge com mais força a esperança de que no dia 6 de outubro possa haver uma virada espetacular, ainda que muitos poderão se sujeitar à influência de grupos políticos que regem a vida da cidade há décadas.

Se essas observações estiverem corretas, os cidadãos terão um motivo a mais para sentirem orgulho de serem ibiunenses, porque terão dado um importante passo para que as pretendidas mudanças finalmente possam começar. Ibiúna precisa crescer e proporcionar melhorias substanciais ao seu povo honesto, trabalhador e merecedor de uma vida melhor.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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