IBIÚNA – O QUE PENSAR DA ATUAL CAMPANHA POLÍTICA NA CIDADE

Tenho acompanhado atentamente as movimentações políticas no município, a partir daquilo que se pode ver nas redes sociais, que estão, conforme previsto, sendo utilizadas abundantemente pelos políticos que vão disputar os cargos de prefeito, vice e vereadores, nas eleições do dia 6 de outubro, daqui a trinta dias.

A busca pela conquista de nosso olhar [e da nossa atenção] também está exposta nas ruas com as “wind banner” (bandeiras de vento), adesivos nos vidros dos automóveis, em paredes, santinhos entregues de mão em mão, além dos vídeos e podcasts.

Toda essa frenética atividade, que inclui ainda reuniões em residências, churrascos ou o tradicionalíssimo café, ofertas de emprego, doação de dinheiro vivo, materiais e diversos objetos de desejo dos eleitores, sobretudo os mais carentes, faz parte do nosso fabuloso folclore político.

Tento me despojar de qualquer tipo de preconceito de natureza moral, tipo isso é certo, aquilo é errado,  para buscar entender o movimento tipo gangorra, um lado sobe enquanto o outro desce, mas em relação a uma palavra que parece estar fora de moda nestes tempos de grandes mutações, não apenas climáticas: a verdade.

Há de fato uma diversidade tão grande de promessas feitas pelos políticos, algumas notoriamente exageradas e fora da realidade factível, assim como, por parte de alguns, um notável objetivo de fazer crer [os eleitores] que o que estão dizendo corresponde a propósitos reais, quando estão mais para o lado de artimanhas e marotagens.

Fazem isso sem o menor pudor, enquanto em suas fisionomias tentam encobri-las com uma película pré-formatada colada ao rosto, para dar a impressão de que devemos crer no que prometem. Algumas raposas políticas que já conquistaram o poder continuam acreditando em seus métodos tradicionais de convencimento por meio do uso de embromações.

Talvez, não na sua totalidade, por certo, mas, como já escrevemos nestas páginas, o eleitorado de 2020 não é o mesmo de 2024, constatamos isso ouvindo centenas de pessoas nas ruas da cidade.

Há, além de uma descrença nos políticos, um sentimento de repulsa por conta dos problemas sentidos pela população correlacionado a diversos protagonistas da administração pública, com exceção daqueles personagens que agem de boa fé e que existem, certamente. Afinal, não se pode generalizar.

Esse fenômeno inclui servidores públicos que se sentem prejudicados tanto com perdas consideráveis em seus rendimentos quanto na forma como são tratados, que se reflete num discreto temor difuso.

Em suma, a esperança é que a verdade triunfe sobre a mentira. Resta saber quem, entre os candidatos, consegue efetivamente diferenciar substancialmente entre um e outro substantivo. Os ibiunenses estão a merecer sorte com a escolha dos seus políticos para terem uma vida melhor.

Por último, mas não menos importante, é preciso considerar que as mensagens dos candidatos se referem a um tempo que não existe, o futuro,  e sobre ele tudo pode ser dito porque não é pecado prometer, mas sim não cumprir as promessas feitas, mas isso só é verificável igualmente no futuro, como sempre demasiado tarde, como acabam por perceber os cidadãos quando veem suas esperanças frustradas. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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